sábado, julho 13, 2013

TransPyr Dia 8 | Elizondo - San Sebastian


Apesar de ser a ultima etapa, o nosso segundo lugar estava longe de estar garantido.  A escassa  margem de 6min para a equipa Esteve obrigava-nos a estar de alerta. Tal como esperávamos, eles atacaram logo que foi dada a largada. Era uma longa subida inclinada que fez doer as pernas. Nesta fase do ‘’campeonato’’ as pernas estão praticamente apáticas e já pedem descanso por isso qualquer micro ataque é sinónimo de dores. 

A nossa missão era controlar os ataques da Esteve e esperar que surgisse oportunidade para nos escarparmos. Após alguns kms de subida, um dos elementos da equipa Esteve fraquejou e aí nós atacamos, tentando ganhar alguma distância para fazer o resto da etapa mais descansados.  De facto até nos afastamos, mas de repente e sem saber muito bem como estávamos novamente todos juntos, nós, os lideres e a equipa Esteve. Daí em diante pareceu uma prova de Cross-Country com ataques e contra-ataques e nem mesmo a descer tínhamos descanso. Estavam claramente ao ataque. Nós estávamos ‘’ensanduichados’’ entre duas equipas espanholas por isso tínhamo-nos de proteger como podíamos. Por vezes colocava-me na frente e impunha um ritmo que permitia ao Luís ‘’descansar.  Assim nos mantivemos até à linha de meta, controlando e trocando de posições.

Por volta do km 55, no topo de uma montanha a tenda da Mercedes Benz assinalava o controlo final dos tempos. O Luís ainda discutiu com os da Esteve, eu fiquei pregado e feliz com a 3ª posição na etapa e a certeza de termos conquistado o 2º lugar na geral da TransPyr.
Esta ultima etapa fazia lembrar um país tropical, muita humidade, vegetação muito verde, lama e muito calor. Por momentos fez-me sentir que estava na Costa Rica! 

Daí até à meta fizemos mais 30km mas sem qualquer pressão, parando nos abastecimentos, convivendo com outras equipas, brincando, tirando fotos, aguardando as outras equipas portuguesas…a ideia da organização foi boa em criar este troço ‘’stress-free’’ permitindo aos atletas ir a curtir até ao Atlântico.
Eu ainda assim tive um furo, o pneu da frente rebentou numa subida. Do nada o pneu abriu um buraco, esvaziando num ápice. Dentro do azar, tive muita sorte por isto ter acontecido nesta parte em que não eram controlados os tempos. Talvez se fosse durante a parte cronometrada a história seria diferente. Para o final reservaram-nos ainda alguns kms de singletrack a contornar o mar…’’do melhor’’!
A ‘’meta instalada em San Sebastian, junto à praia foi a cereja em cima do bolo.  Todos os participantes que foram chegando demonstravam uma grande felicidade e não era para menos. Completar esta prova é sem dúvida um grande desafio, não apenas pela preparação física que é necessária, mas pela dureza dos trilhos que massacram o corpo e a bicicleta de uma forma continua. 

Acabar esta competição sem avarias, quedas ou algum outro problema é praticamente impossível. Da nossa parte houve um pouco de tudo, quedas, vários furos, rodas e cranks partidos…não faltou animação durante as etapas. Das 8 etapas que compõe a TransPyr, apenas duas conseguimos fazer sem problemas mecânicos. Esta prova é um autêntico massacre para as bicicletas…e para esqueleto!
Para mim foi uma grande revelação, nunca imaginei que fosse tão dura. Aliás, esta foi a prova por etapas mais dura que diz até hoje! Etapas longas, subidas intermináveis, descidas extremamente técnicas, muito calor, entre outros factores que colocaram a TransPyr no topo da lista das provas ‘’hardcore’’. 

A nível de paisagens a TransPyr é simplesmente divinal, um autêntico regalo para os olhos. As verdejantes montanhas, contrastam com os picos cheios de neve e que se perdem no nosso horizonte. O gado à solta, as aldeias perdidas nas montanhas, os singletracks de cortar a respiração, as pitorescas vilas onde começavam as etapas, entre outros atractivos tornam o percurso escolhido pela organização bastante completo.

Não conhecia San-Sebastian, mas depois desta rápida visita quero voltar para conhecer com mais calma esta frenética cidade Basca com muita história, com praia, e uma movimentada vida nocturna. 

Sobre a comitiva Portuguesa, apesar de conhecer alguns elementos, outros foram ‘’novidade’’ para mim, e que me surpreenderam pela positiva. Agradeço a todos eles pelo apoio que nos transmitiram durante a prova, em especial ao Nuno Caeiro que por diversas vezes durante a etapa nos ajudou a solucionar os nossos problemas mecânicos. 

Agradeço também à organização pela forma como nos acarinhou e nos tratou durante estes dias. Desde o organizador da prova, ao responsável pela imprensa, às pessoas dos abastecimentos, aos fotógrafos da fotosport bcn entre muitos outros que viveram connosco esta fantástica experiência de atravessar os Pirenéus em bicicleta. 

O maior agradecimento vai para o meu companheiro de equipa, o Luis com apenas 19 anos bateu-se com atletas com muito mais experiência, ''com idade para ser pai dele''. Foi uma intensa semana com muito divertimento e sofrimento à mistura.  Obrigado por tudo amigo.

Saliento o facto que fizemos a prova sem recurso a ''química'' ou seja, recuperadores, sais, geis, barras, optamos pela fruta, água, coca-cola sempre que possivel. Sim é possivel atravessar os Pirenéus e conseguir a segunda posição sem recurso a ''essas'' coisas.  


Na minha página de atleta no facebook podem encontrar muitas fotos de todos os dias que compuseram a TransPyr 2013. 


Ride & Smile :)










1 comentário :

  1. Parabéns! Impressionantes!!
    Obrigado pelos relatos emocionantes! Deste lado quase suei!

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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict