Taça do Mundo de XCO Madrid 2005
Quando se pratica um desporto e se ouve as palavras Taça do Mundo traduz-se no expoente máximo da competição, onde os melhores do mundo lutam pela vitoria e pelo prestigio mundial. Para mim aos vinte e poucos anos traduzia-se em sonho...nessa altura a selecção nacional de BTT era inexistente, não havia apoios aos atletas nem às equipas. Quem quisesse ir a uma prova ia por sua conta e risco.
Na altura na equipa Terríveis Clube Aventura Bicicporto, com as poucas verbas existentes conseguiram o impossível e levaram-me a mim ao Zé Silva e ao Daniel Marques a Madrid. A prova não seria mais que uma experiência entre os melhores do mundo. A preparação da viagem foi praticamente inexistente e mesmo o alojamento em Madrid foi arranjado à ultima da hora.
Houve outras equipas portuguesas presentes, Crastovães e Volta da Pedra, éramos talvez 10 ao todo a competir. Não éramos muitos mas éramos bons!! De lamentar a queda da Sónia Campos do Crastovães que lhe provocou um traumatismo craniano com perca temporária da memoria. Esta queda afastou a atletas varios meses da pista. De lembrar que no ano anterior tinha ganho a mesma prova na categoria de Junior.
Nomes como Hermida, Absalon, Paulisson, Martinez, Sauser, Fumic, Killen, Vogel, Brentjens, Coloma, Craig,etc... estavam ali todos ao nosso lado. Alinhar naquela grelha de partida foi arrepiante e ao ouvir a contagem decrescemente o coração acelerou de tal maneira que parecia que estava a sprintar. Estas coisas só entende quem já participou...é indescritivel!
O homem do dia foi Abaslon que ganhou a prova seguido do ícone Espanhol de descendência portuguesa, José Hermida.
Taça do Mundo de XCO Madrid 2006
Apesar de ser a segunda participação na prova, a historia repete-se e neglenciamos a viagem da melhor forma. Apesar de todos estarmos melhor preparados, estavamos aquem do nivel que é exigido a este nível. Desta vez a comitiva dos Terríveis Biciporto era formada por Daniel Marques, Vítor Cunha e João Marinho. O Vítor teve uma prova algo azarada caindo logo nas primeiras curvas do percurso ficando logo aí arredado da prova.
O homem do dia voltou a ser a locomotiva Julien Absalon!! Impressionante o andamento deste homem que conta já com 2 títulos olímpicos e vários campeonatos do mundo.
Esta foi então a minha ultima prova da Taça do Mundo de XCO. Nesta no comecei a fazer maratonas e provas mais longas. Foi em Novembro de 2006 que fiz a Ruta de los Conquistadores na Costa Rica e que podem ler o relato
aqui.
Taça do Mundo de Maratonas 2007 - Gran Canária
Em 2007 foi um ano de experiências novas em Portugal e no estrangeiro. Esta prova nas Canárias em Março surgia muito cedo no calendário. Treinar em Portugal nos primeiros meses do ano é uma tarefa complicada dado que as temperaturas estão muitas vezes abaixo de zero e a chuva é gelada.
Quando chegamos a Maspalomas deparamo-nos com temperaturas típicas de verão e o nosso corpo agradeceu. Aproveitamos para conhecer vagamente ilha e conviver um pouco com os restante portugueses que também ali estavam. A Catarina Canha, Ricardo Figueiredo e o Fernando que representavam a equipa Terras del Rey Trek.
A prova começava numa num parque temático da ilha- Uma cidade típica do faroeste Americano onde estava montado o arco de meta. Sobre o percurso era bastante duro com muita pedra que provocou o corte de ambos os pneus ao Zé e a mim deu cabo das costas. Aqui verifiquei que o meu corpo não era compatível com o quadro que utilizei.
A experiência de uma prova entre os melhores na longa distancia foi boa, o resultado é sempre relativo. Mais uma vez fomos por nossa conta e risco para as Canárias e vimos as outras equipas\selecções com um staff que os suportava nos abastecimento e zonas técnicas. Neste tipo de provas faz toda a diferença. Sabíamos que ia ser assim à partida, daí não haver motivo para reclamações. Estávamos ali para aprender.
O percurso tinha zonas durissímas como uma descida pelo leito de um rio que nessa altura estava já praticamente seco. As pedras eram uma constante sendo uma verdadeira tortura para atletas e bicicletas, quer a subir quer a descer.
Havia zonas onde as palmeiras preenchiam as encostas mas eu durante a prova nem reparei nelas. No final quando vi as fotos verifiquem que de facto elas estavam lá!
No final os 90km e 2500m de acumulado de subidas foram efectuados em aproximadamente 4h, meia hora mais que o vencedor da prova o Colombiano Paez Leon. O mesmo que venceu a
Ruta de los Conquistadores 6 meses antes, prova que também participei.
Depois da prova esperava-nos uma festa no Hotel que serviu de base à organização e que todos dissemos ''presente''.
Na manhã seguinte houve tempo ainda para um rápido mergulho nas aguas quentes do atlântico. A tentação era muita e não conseguimos resistir à areia preta das Canárias pois sabíamos que dentro de horas estávamos no Inverno de Portugal novamente.
Campeonato do Mundo de Maratonas - Verviers - Bélgica - 2007
O que leva dois Portugueses que acabaram de regressar do
Transalp, (há 15 dias)depois de uma viagem de quase 5000km de carro, voltarem a repetir a dose mas desta vez para a Bélgica? Bem, não sei, mas é preciso muita paixão pela bicicleta. Contamos os tostões todos para esta viagem e voltamos a pedir o mesmo carro emprestado ao Stand, mas desta vez fomos apenas eu e o Zé. Mais uma vez por nossa conta e risco fomos à descoberta do desconhecido para atletas nacionais: O Campeonato do Mundo de Maratonas
Uma viagem sem paragens, conduzíamos\dormíamos à vez pois o tempo era escasso e precisamos de chegar a Verviers o quanto antes. Atravessamos Espanha, França até chegarmos na Bélgica, claro que estávamos bastante cansados e teríamos de recuperar ''à pressa''.
Estávamos novamente com os melhores do mundo não só de XCM mas também de XCO. Muitos atletas de cross country tentaram a sua sorte na longa distancia pois era mais uma oportunidade de brilhar. O percurso apresentava uma distancia de 105km com 4000m de acumulado de subidas.
Não existiam subidas muito longas, era um rompe pernas constante e que não permitia descanso ao atletas. Os trilhos alternavam entre os estradões, estradas secundárias e singletracks dentro dos bosques fechados típicos da região. Havia zonas onde o terreno era bastante pesado com lama e que me provocou a quebra da corrente.
Demorei cerca de 5h a completar a prova, 1h mais que Cristopher Sauser da Suíça que se sagrou campeão do mundo pela primeira vez na sua vida na categoria de Elite. De referir que ambos os titulos foram entregues à Suiça que mais uma vez mostrou todo o seu potencial nesta modalidade.
Uma viagem tão longa não podia ser ''só'' para competir daí termos feito um ligeiro desvio até à Holanda, mais propriamente Amesterdão para conhecer a cidade das bicicletas e não só.
Cidade onde o consumo de droga é permitido e o negocio do sexo é encarado como se tratasse de outro qualquer negocio. Andar pelas ruas à noite basta para começar a sentir a cabeça a andar à roda... Uma cidade para voltar com mais tempo no futuro porque apenas dormimos (tentamos) na cidade.
Campeonato do Mundo de Maratonas - Vilabassa - Itália 2008
Pela primeira vez fui a uma prova representando incluído na selecção Nacional. As outras vezes tinham sido por nossa conta e risco. O vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira fazia parte da comitiva assim como Patrick Afonso que nos havia acompanhado em 2007 no
TransAlp. Estávamos portanto bem entregues, apesar de ser necessários mais elementos, massagistas por exemplo, já não era mau o que tínhamos.
Um percurso durissimo de 120km em plenos Alpes com quase 5 000m de acumulado de subidas ao longo dos Dolomites. Sem duvida que este percurso ditaria o melhor do mundo nesta categoria. A selecção nacional estava representada por : José Silva, Hélio Ramos, Luís Leão Pinto, Nuno Sabido e João Marinho.
Neste mesmo ano eu e o Zé Silva fizemos o
Cape Epic e a
Transportugal e chegamos ao mundial algo cansados. Esta nossa participação não foi planeada no inicio de época e apenas recebemos o convite 1 mês antes da prova quando já havia pouco a fazer no que respeita à preparação física. Cada um de nós deu o nosso melhor tentando levar as cores nacionais o mais alto possivel.
Luís Leão Pinto fez uma prova magnifica ficando nos 35 melhores atletas do mundo. O seu pico de forma estava apontado para esta prova e o resultado reflectiu isso. A chegada ao sprint entre o Sauser e Paulisson foi bastante polémica pois a poucos metros da meta houve uma queda. Os comissários decidiram que Sauser derrubou Paulisson intencionalmente e retirou-lhe o titulo mundial. Uma decisão bastante discutida nessa altura e que hoje ainda existem opiniões dispares.
Quando de viaja integrado numa selecção nacional há menos espaço para ''saídas'' e foi com muita pena minha que não visitamos Veneza antes de regressarmos a Portugal. Apenas vi a cidade dos canais do céu...
Fica aqui o meu relato das várias participações em Taças do Mundo e Campeonatos do Mundo. Agradeço a todos os patrocinadores que tornaram isto possivel e ao meu amigo José Silva que esteve presente em quase todas as competições.