Para mais fácil encontrarem informação acerca da minha participação nesta apaixonante prova nos Andes, deixo aqui o link para cada um dos assuntos:
TransAndes 2013 - Reportagem Bike Magazine
TransAndes 2013 - Pós prova - Pucón
TransAndes 2013 - Dia 6
TransAndes 2013 - Dia 5
TransAndes 2013 - Dia 4
TransAndes 2013 - Dia 3
TransAndes 2013 - Dia 2
TransAndes 2013 - Dia 1
TransAndes 2013 - Dia 0
TransAndes 2013 - A viagem
quinta-feira, janeiro 31, 2013
sábado, janeiro 26, 2013
TransAndes Dia 6
Game over! Depois de 5 duros dias nas encostas da cordilheira montanhosa da
América do Sul, chegou ao fim a 5º edição da TransAndes na bonita localidade de
Pucon. A etapa de hoje prometia ser rápida, 32k, metade a subir em estrada e estradão
e depois outra metade a descer em trilho.
Apesar da grande maioria dos
atletas estar descontraída, ainda havia algumas posições que podiam sofrer
alterações devido às pequenas diferenças de tempo. Acaba quando termina, assim
parti para a etapa, sempre com imponente vulcão Villarica na frente. Apesar de
estar activo este vulcão, não houve sinal de erupção. As minhas pernas estavam
em actividade total, mas de acido lácteo! Como custou subir e seguir na roda do
grupo da frente. A minha língua já quase arrastava no chão de tanto sofrimento.
Controlei as forças até ao ponto que a organização dizia que descia,
supostamente aos 12km, mas isso apenas aconteceu ao km 15 onde estava instalado
o único abastecimento da etapa.
Estávamos nas encostas do vulcão,
a cinza e as pedras vulcânicas tornaram a descida um pouco apimentada. Assim
que começou a descer passei para a frente do grupo na esperança que pudesse
ganhar alguma diferença para o campeão chileno. Apesar de ter ganho alguns
segundos, o trilho técnico terminou e ele voltou-se a colar na roda. Até ao
final o singletrack e o estradão rápido não permitiu que eu conseguisse me
afastar. Chegamos juntos ao ponto onde e organização controlava os tempos, que
era um pouco afastado do centro de Pucon. A cidade densamente povoada de
turistas, com muito tráfego forçou a organização a afastar a meta do centro.
Todavia o arco de meta estava instalado na cidade com vista para o vulcão para
que pudéssemos registar a passagem.
Considero o Javier um justo
vencedor da prova. Foi o atleta mais forte e recuperou o tempo perdido na
primeira etapa justamente. Eu dei tudo o que tinha e o que não tinha para
aguentar a liderança, mas não consegui. Fico feliz pelo 2º lugar e mais feliz
por Portugal ocupar o 2º e o 3º lugar da classe OPEN, comigo e com o Tiago
respectivamente. A Rita terminou em terceiro na classe dela e também está de
parabéns. Todos os atletas que completaram a prova estão também de parabéns. É
um duro mas belo desafio.
Uma prova com algumas vedetas
internacionais como os americanos Rebecca Rush, Mary mary Mcconneloug, Michael
Broderick. com 26 países representados de países tão distantes como Austrália,
África do Sul, Alemanha, Canadá, Itália, Nova Zelândia, Espanha, Curacao…tornou
esta prova rica em novas amizades.
Em nome da comitiva Portuguesa agradeço
todo o apoio que chegou à Patagónia. Foi muito bom fazer com vocês esta dura
prova.
Até à próxima amigos!
Ride & Smile :)
Etiquetas:
Chile
,
EPIC RACING
,
TransAndes 2013
sexta-feira, janeiro 25, 2013
TransAndes Dia 5
Sabia que uma diferença de 3min para o Javier tinha a liderança em risco. Como
o ataque é a melhor defesa, tentei fazer a diferença no singletrack técnico que
existia no início da etapa. Infelizmente este trilho passou depressa de mais e
voltamos ao estradão. Ataquei, mas ele
não saía da roda. Por volta do km 25 ele atacou numa subida, ganhou uns metros
e depois veio uma parte plana e não consegui recolocar-me. Impus o meu ritmo,
fui no meu limite até ao final, mas o tempo que o Chileno ganhou retirou-me da
liderança.
Sobre a etapa, esta foi mais do mesmo, o que não é mau de
todo. Estradão, subida, floresta, descida rápida, estradão e meta. Logo após o
1º abastecimento ao km 29 (supostamente ao km 22) veio a tão badalada subida de
3km que a organização disse que grande parte de nós iríamos fazer a pé. De
facto confirmou-se, subida inclinada sem tracção fez-nos penar. De vez enquanto
para apimentar aparecia uns troncos gigantes e a coisa ficava no ponto.
Tenho pena que não estejam presentes mais fotógrafos para captar o que distingue esta prova. As paisagens por vezes de cortar a respiração que dá vontade parar para contemplar. Assim foi mais uma floresta com as imponentes e centenárias araucárias e desta vez com vista para vários vulcões. Depois veio a vertiginosa descida em double track e de resto nada de mais. Típico estradão chileno ondulante, com carros a circular normalmente exigindo a máxima atenção. Menciono a colocação do segundo abastecimento na praia do lago Caburgua que dava vontade de parar e mergulhar.
Levo sempre o mapa de altimetria colocado no quadro para gerir as forças\comida\bebida. Constantemente somos obrigados a fazer a ajustes porque o track que fazemos difere sempre do que a organização fornece. Hoje foram mais quase 5km e o final que supostamente seria a descer, apareceram umas subidas tipo rompe pernas que fizeram alguns participantes perder as estribeiras. Cortei a meta com 10min de diferença para o para o Javier. Não conhecia o atleta, mas fiquei a saber que é um dos melhores atletas da América do Sul, é profissional em ciclismo. Bom, não estou a rebaixar-me, mas de facto o segundo lugar competindo com um atleta deste calibre é menos mau.
O acampamento de hoje em Pucon tem vista para o Vulcão Villarica, um das principais
atracções do Chile.
A etapa de amanhã tem cerca…espera lá, é a ultima etapa da
TransAndes! Já vai acabar…São 46km com 1410m D+. Estarei à espreita e a dar o
máximo para sair da prova com a cabeça erguida e assim retribuir todo o apoio
que tanto eu como o Tiago e a Rita temos recebido ao longo destes dias.
Quem lê estes reports e quiser saber algo em especifico
poderá comentar que eu farei questão de responder. Ontem a Anita perguntou como
era a comida. Os BTTistas são uma espécie que se alimenta bem e numa prova
desta natureza não pode falhar. Durante as etapas os abastecimentos são
generosos em variedade de líquidos e sólidos. Existem gomas, doces, barras,
vários tipos de fruta, Coca-Cola, sais, água e mais algumas coisas que eu não
me recordo. No acampamento são servidas 3 refeições (de garfo e faca): pequeno-almoço,
almoço e jantar, além do pequeno abastecimento após a linha de meta.
O pequeno-almoço por vezes revela-se escasso na oferta. Não
existem cereais, nem fiambre e o queijo só vi uma vez. O normal são ovos
mexidos, pão (que saudades do pão português), iogurtes, bolachas, fruta e café
(dissolvido).
O almoço e o jantar são basicamente as mesmas coisas: massa,
arroz, puré, carne (frango ou porco ou vaca), alface, tomate, feijão verde,
cenoura. Para sobremesa temos frutas que são de óptima qualidade! Ontem tivemos
a sorte de ter torta que fez atenuar a minha ressaca de doces, principalmente
chocolate!
Amigos, obrigado por estarem desse lado, por aguardarem
ansiosamente pelos resultados e ficarem a torcer pela melhor classificação possível.
A camisola de líder que usei durante 4 etapas é dedicada a vocês!
Ride & Smile :)
Etiquetas:
Chile
,
EPIC RACING
,
TransAndes 2013
quinta-feira, janeiro 24, 2013
TransAndes Dia 4
KAPUTA! O Chileno é f$did%! Já sabia que ia atacar num local estratégico por
isso fui acompanhando e para mim a etapa só começaria na altura que ele
atacasse. Isso aconteceu por volta do km 23, numa subida (claro). Quando ataca,
ataca a valer e dentro das minhas possibilidades dei a luta que pude, mas fui
percebendo que as minhas pernocas e o meu batimento estavam a dizer para
abrandar e ele literalmente desapareceu. O Tiago não se sentiu bem e não veio
comigo por isso andei o resto da etapa sozinho.
Voltando um pouco atrás, os primeiros 20km foram a rolar em
estradão de gravilha. O pó, as pedras a saltar e os restantes atletas exigiam a
máxima atenção. Rolar a 40km\h nestas condições sobe a adrenalina.
Estudei a etapa e dos dois abastecimentos, um deles eu iria abdicar. Quando passei o primeiro, estava suficientemente abastecido para fazer 30km até ao segundo. Felizmente que grande parte destes 30km foram dentro da floresta, escondidos do sol porque senão acho que ia pagar a factura.
Como andei a estudar a etapa, sabia que depois do 1º abastecimento teria 6km de ‘’parede’’ com elevadas inclinações. Alguns pontos passou os 25%...que saudades eu senti da pedaleira tripla com a avozinha! Depois desta subida entramos numa densa e majestosa floresta. O trilho virou singletrack repleto de raízes, mas um verdadeiro carrossel. Monta, desmonta, troca a velocidade, trava, pedala…isto durante uns 3kms.
No topo da subida estava um lago que a organização apelidou
de lago secreto. Visual incrível!
Depois (finalmente) veio a descida. Foram alguns kms de singletrack divertidos e imaginem bem, na ‘’roda’’ de uma vaca de para aí 500kg! Eu queria passar mas ela teimava em galgar na minha frente. Como se não bastasse uma, depois juntaram-se mais 4! Não arrisquei demasiado a ultrapassagem e aguardei que saíssem do trilho. Quando finalmente saíram a descida acentuou-se, as raízes desapareceram e o trilho era em terra solta com constantes curvas e contra-curvas. Foram alguns kms de ‘’loucura total’’.
Terminando esta descida pouco mais acrescento à etapa. Houve
uma longa ponte suspensa sobre um Rio. Nem reparei na altura, mas segundo o
Tiago tinha mais de 120m de altura. Eu passei a pedalar contra a vontade da
organização, talvez posso isso não olhei lá para baixo.
Os últimos 27km a rolar contra ao vento foi a facada final. Sozinho, nestes estradões de gravilha com carros a passar sem sequer abrandar foi um desespero. Segundo a organização a etapa tinha sido encurtada para 70km, mas no final o meu gps marcou 77km!
Cortei a meta com 10min de diferença para o Javier, mantenho a 1ª posição com uns minutos de vantagem. Vou continuar a dar tudo o que tenho e o que não tenho até terminar a prova!
Os últimos 27km a rolar contra ao vento foi a facada final. Sozinho, nestes estradões de gravilha com carros a passar sem sequer abrandar foi um desespero. Segundo a organização a etapa tinha sido encurtada para 70km, mas no final o meu gps marcou 77km!
Cortei a meta com 10min de diferença para o Javier, mantenho a 1ª posição com uns minutos de vantagem. Vou continuar a dar tudo o que tenho e o que não tenho até terminar a prova!
A etapa de amanhã liga Menetué a Pucón num total de 75km (será mesmo?) e 1850m D+. Pucón é o ultimo acampamento, vamos ficar neste local os próximos dois dias. Só espero que os 50% da etapa em estrada secundária não sejam contra o vento como hoje!
O Tiago terminou em 3º e consolidou a 3ª posição da
geral. A Rita ainda não tenho informações.No final tinha o Huillo esperando-me para mais uma sessão de brincadeira...priceless!
Um agradecimento sentido a todos os que estão desse lado torcendo e dando força! É simplesmente arrepiante!
Ride & Smile :)
Etiquetas:
Chile
,
EPIC RACING
,
TransAndes 2013
quarta-feira, janeiro 23, 2013
TransAndes Dia 3
O meu corpo teima em não responder do jeito que normalmente responde numa prova
por etapas. Eu aperto comigo, a pulsação dispara mas as pernas não debitam a
potência e a cadência que eu preciso para me bater com o meu adversário mais
directo, Javier. Vim a descobrir que afinal ele é nativo, já várias vezes a
TransAndes e é o actual campeão nacional de Maratonas do Chile.
Antes de falar de hoje, tenho de
voltar ao dia de ontem. Tanto eu como o Tiago tivemos problemas mecânicos.
Supostamente trocar um guiador seria algo simples…mas acontece que o guiador
que ele arranjou é sobre-elevado e os cabos estavam curtos. Os escassos recursos
dos mecânicos que dão assistência à prova resultou num stress que só terminou
depois das 22.30h.
Trocar um raio também é coisa que
normalmente é simples…se houver outro raio igual. Acho que arranjei todos os
raios menos aquele que precisava! A salvação veio de um americano que me cedeu
a sua roda com um pneu tipo tractor (amanhã coloco foto) mas estava nem aí. Com
ajuda do mecânico da Shimano resolvi o meu às 22h!
A etapa de hoje supostamente
consistia em subir o Vulcão Villarica e depois descer até à meta. Parte
confirmou-se, outra parte reservou-nos algumas surpresas. No Chile as estradas
secundárias são estradas com gravilha onde os carros passam como se estivessem
em alcatrão. Cerca de 80% da etapa foi neste tipo de piso. Sabia que me tinha
de proteger dos ataques iniciais e eu mesmo impus o ritmo na primeira subida. O
pelotão partiu-se e na estrada para a principal subida do dia estava eu, o
Tiago e o Javier. Esta etapa é uma clássica da TransAndes, que se tem mantido igual
ao longo das 5 edições da prova. Com a preciosa ajuda do Tiago o Javier apenas
fugiu quando faltavam ‘’apenas’’ 6km para terminar a subida do Vulcão. Depois iniciou-se
a longa e vertiginosa descida, inicialmente em trilho técnico com raízes, drops,
regos, mas o mais perigoso foi mesmo outros ciclistas na direcção contrária.
Com o cuidado possível desci o mais depressa que pude tentando ganhar tempo
para o Javier. A parte técnica terminou depressa e deu lugar ao típico estradão
do Chile. O Tiago afastou-se um pouco de mim no início por causa do pó e até à
meta não conseguimos mais trabalhar em equipa. Estava num dilema, se continuava
no meu ritmo ou se esperava pelo Tiago. Olhava para trás e nas retas mais
longas conseguia vê-lo, mas não podia\devia abrandar porque estávamos a descer
muito rápido, ás vezes acima dos 60km\h. Pensei quando houvesse uma parte mais
plana ele conseguisse alcançar-me. O 2º abastecimento a meio desta descida que
eu optei por não parar e o Tiago parou, ditou a separação até ao final.
Cortei a meta com cerca de 5min
de diferença para o Javier e com uma vantagem de 1min para o Tiago. Agora a
minha vantagem é de 19min e o Tiago consolidou o 3º lugar que à partida para
esta etapa estava cifrado em apenas 1s!
A Rita chegou novamente em 3º
fresquinha que nem uma alface. Que inveja!
O ponto alto desta etapa foi a
passagem pelo Parque Nacional do Vulcão Villarica onde fomos recebidos por uma espectacular
floresta de Araucárias centenárias. Esta floresta fazia lembrar o Parque
Jurássico! A cinza vulcânica aparecia aqui alí lembrando-nos que estávamos junto
ao mais alto Vulcão do Chile e que está em actividade. Amanhã a etapa tem o mesmo ponto
de partida e chegada que é o lugar onde estamos – Menetúe. Segundo ouvi,
trata-se da etapa rainha da prova por ser a mais longa, a mais técnica e a mais
exigente fisicamente. Algo que me agrada à partida!
Não me canso de agradecer os
vossos watts extra que tem sido tão importantes e agora que a prova entra na
derradeira 2ª metade, mais ainda!
Podem ver mais fotos na minha
página de atleta no Facebook:
Ride & Smile
Etiquetas:
Chile
,
EPIC RACING
,
TransAndes 2013
Subscrever:
Mensagens
(
Atom
)