terça-feira, julho 12, 2011

Volta a Portugal 2003

Com 18 anos praticamente só conhecia o distrito do Porto e agora que me sentia independente por andar na universidade, queria descobrir o país. Destino Algarve, queria conhecer o sul do país, passar o Tejo, cruzar o Alentejo e regressar. Apesar desta ideia partir de mim, só em ultimo recurso iria sozinho. Naquela altura parecia uma grande aventura, algo que os meus pais não aceitaram bem e não me queriam deixar ir…mas era já maior de idade e com vontade própria. Desafiei o Zé Silva que me disse que não poderia inicialmente, falei com outra pessoa que enrolou até à última e quando já estava quase a ir sozinho o Zé lá convenceu (convencemos) os pais e fizemo-nos à estrada no mês de Agosto de 2003.

 

Com a devida autorização do Sr. Jorge da Biciporto, levei a BH que utilizava em competição. Montei uns alforges de forma artesanal, comprei uma mochila que desse para fixar nos alforges, uns esticadores e siga. Recordo-me do meu pai me ter dito que não iria chegar sequer à Amarante (6km de distancia de minha casa), mas o que é certo é que aguentou a viagem toda!


Não definimos nenhuma rota, não planeamos as paragens ou as dormidas, íamos andando conforme as pernas o permitissem. Levamos um mapa de Portugal para nos orientarmos em termos de distância, pois o sentido sabíamos nós que seria descer até ao oceano.
Pedalar com alforges é bastante estranho, a traseira ‘’dança’’ bastante dando uma sensação de insegurança e requer habituação. Foi a primeira e ultima vez que andei de alforges…

As etapas na viagem para o Algarve foram:

Amarante – Condeixa
Condeixa – Mira
Mira – Alcobaça
Alcobaça – Setúbal
Setúbal – Vila Nova de Milfontes
Vila Nova de Milfontes – Lagos


Como vêem foram precisos 6 longos dias para chegar ao Algarve, com alguns desvios pelo meio. O mais caricato foi quando estávamos em pleno IC2 no interior do Alentejo e queríamos ir para a costa, por isso desviamos em direcção ao mar. Primeiro por uma estradinha de asfalto que depois virou estradão de terra batida e depois caminho de cabras.


A nossa alimentação era à base de atum, latas de atum e pão. Perdi a conta quantas latas gastamos, mas recordo-me de na altura ficamos estupefactos por comprar pães a 0,50€ no Parque das Nações em Lisboa. Todos os dias ligávamos para os nossos pais…da cabine telefónica porque do telemóvel ficava muito caro.

Queríamos tanto chegar ao mar que o fizemos em Sagres, só não sabíamos que tínhamos de regressar pela mesma estrada pois esta termina na vila. Chegamos a Lagos durante a tarde e lavamos pela primeira vez a roupa no parque de campismo.



Depois havia que fazer a Nacional 125 até Vila Real de Santo António. Pelo caminho paramos numa vinha em Tavira para encher a mochila de uvas. Encontramos também uns amigos no parque de campismo da Mantarota, sorte a nossa pois estava completamente lotado e senão fossem eles a ceder-nos um pouco de espaço, não teríamos entrado.


Começamos a subir em direcção a casa, pelo caminho passamos por Mértola, Serpa, Beja, Évora, Estremoz, Portalegre, Nisa, Vila Velha do Ródão, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Nova de Foz Côa, Mirandela, Vila Real e Amarante. A passagem por Mirandela foi porque tínhamos lá um amigo que nos deu estadia…mas em troca demos uma grande volta. As dormidas variaram entre dormir ao relento na mata, ao relento no parque de campismo ou nos bombeiros. Não tínhamos dinheiro para mais e não houve espaço para levar a tenda.
 

No total dos 12 dias pedalamos cerca de 2000km, um grande feito para a época. Os custos da aventura penso que não chegaram a 100€ e um pneu traseiro (de BTT) que ficou completamente ‘’lambido’’ de tanto alcatrão.

Esta aventura foi a pioneira e que marcou o inicio de todas outras. Mal sabíamos nós onde iríamos chegar uns anos mais tarde….

7 comentários :

  1. Brutal ... Vocês são mesmo uns grandes "malucos" , saudades dos tempos em que apareciam pelas provas de cross , com a vossa boa disposição ... Grande abraço e vejam se aparecem mais ..

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  2. Começaram com a fasquia alta :) Uma coisa que admiro muito em ti e no Zé - a palavra "desistir" não existe no vosso dicionário! Em todas as vossas provas só vejo dedicação e determinação! Só podia ser a receita para o sucesso em muitas provas que se seguiram a esta jornada! 2 grandes atletas! Parabéns!

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  3. Pois é Amigo João e Zé é por esta e por outras idênticas, sem esquecer a vossa amizade, que vocês são os meus ídolos nacionais no BTT. os "loucos" das travessias como vos apelidei à dias numa entrevista que dei.
    Amigos vocês são referencia para mim. Obrigado por partilharem estas aventuras :D

    Abraço e continua pois tens mais no teu bau :)

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  4. Só posso dizer,"gande malucos" podiam dizer que alinhava num não.abraços

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  5. Hahaha não consigo parar de rir ao olhar p o "atrelado" ainda bem que vc não me conhecia nessa época já pensou? Vamos fazer a reedição de todas essas viagens? Bora?

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  6. Eu não digo, são mesmo aventureiros. Opa, vou me aventurar a fazer isso!! :D Para o ano já tenho 18 anos eheheh Alinham ?? Lol Abraço

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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict