domingo, setembro 30, 2012

Maratona de Berlim - INLINE Skating | Berlim - Copenhaga



O que vos vou contar não é ‘’apenas’’ o relato de uma viagem de bicicleta entre as duas capitais (Alemanha & Dinamarca), é muito mais que isso. Foram várias aventuras onde se incluiu a viagem de regresso em comboio (Copenhaga - Berlim) e no final a maratona de Berlim em Patins em linha! Por muito que tente partilhar a(s) experiencia(s), nunca o irei conseguir na totalidade, mas irei fazer o meu melhor! 

Vamos por partes…

A TURMA

Luciana Cox, Rebecca (Becca), Tom Cox e João Marinho. Todos nós estivemos presentes na DOURO BIKE RACE, trabalhando em diferentes áreas mas todas elas desgastantes por isso uns dias de férias ‘’iriam saber pela vida’’. 


DIA 1

Amarante - Porto
Não é normal falar desta viagem, mas vou mencionar porque foi algo bastante caricato, mas com final feliz. Optamos por ir de Taxi, mas estávamos carregados de malas…imaginem 4 pessoas, 3 delas brasileiras e na bagagem estava uma bicicleta. Quando chamei o táxi fui bem claro que necessitávamos de uma viatura com grande capacidade de carga, do outro lado foi-me dito que podia estar tranquilo que cabia tudo. Quando o táxi chega, vejo um Mercedes Classe E, que apesar de espaçoso nunca iria caber toda a nossa ‘’carga’’ pensei. O taxista cheio de boa vontade começou a carregar as malas na bagageira…depressa ficou cheia. Nada que o preocupasse, tirou os sempre oportunos esticadores e continuou a colocar malas. Prendei a porta da mala com os esticadores e lá fomos nós rumo ao aeroporto!


Berlim 

Cidade nova para a turma, ninguém conhecia por isso estávamos todos em pé de igualdade. Chegamos ao final da tarde, ainda sem hotel marcado. Fomos em direcção ao centro da cidade usando o BUS e o Bahn (Comboio), mas sem bilhete porque não conseguimos perceber como é que o sistema funcionava ?!?! Durante o jantar escolhemos o hotel…e que hotel…um hotel destinado a clientes gays!!! O resultado foram muitas, mas muitas risadas. Toda a decoração do hotel e até os próprios empregados…digamos que eram muito atenciosos. 


DIA 2

No dia seguinte conhecemos o Marcello. Um amigo que sempre nos segue no Facebook e que há muito estava esperando uma visita nossa. Ele foi o nosso guia na cidade neste dia. A viagem entre Berlim e Copenhaga era para ser feita a pedalar por isso em Berlim alugamos uma tandem para mim e para a Luli e duas bicicletas para a Becca e para o Tom. Deixamos parte da carga em Berlim parque ‘’apenas’’ tínhamos os alforges das bicicletas para colocar as nossas coisas. 

Neste dia a Luli comemorava o seu aniversário e aproveitamos para almoçar no centro da cidade e conhecer algumas coisas. Visita obrigatória ao que ainda resta do Muro de Berlim.Não tínhamos muito tempo porque queríamos começar a pedalar neste dia. A nossa ideia era sair de Berlim a pedalar, mas depois de vários conselhos optamos por sair do centro da cidade até à periferia de comboio e assim abdicar do trânsito e de uma paisagem nada aliciante. 

Berlim – Copenhaga 

A rota entre estas duas cidades é bastante popular. É uma rota cicloturista com cerca de 650km em ciclovias, atravessando o norte da Alemanha até ao mar Báltico, passando por pequenas cidades. Nesta região abundam os lagos e densas florestas tornando o cenário incrivelmente belo. As típicas povoações alemãs mantendo a arquitectura que tão bem as caracteriza punha toda a gente com um sorriso na boca e girando a cabeça apreciando o que estávamos vendo. 

A bicicleta é sem dúvida a melhor forma de viajar. A tandem aumenta a nossa cumplicidade e a nossa partilha de pensamentos. Nada se compara ao prazer de pedalar, sem poluição sonora e a uma velocidade que nos permite apreciar tudo com calma.
No primeiro dia pedalamos cerca de 70km entre os kms que fizemos na cidade e os Kms entre a estação de Hennigsdorf e Lindow. 


DIA 3 

No segundo dia de pedal a Becca teve inesperadamente de nos deixar para regressar a Paris por casa da Universidade. Foi uma despedida sentida, perdíamos uma companheira cheia de energia e boa disposição.
O segundo dia de pedal ligou Lindow a Waren. Apesar do track de GPS nos mandar sempre por estrada, nós acabamos por seguir em ciclovia, mas seguindo o azimute do destino. O track que carreguei no GPS tinha sido de uma competição que ligou as duas capitais. O percurso tinha ‘’apenas’’ 450km seguindo o caminho mais recto possível.  Como as nossas variações ao track estavam a dar resultado seguimos felizes da vida. 

No interior da Alemanha pouca gente fala inglês, desde os hotéis aos restaurantes tornando a comunicação um pouco difícil. A Luli que entende um pouco de alemão era a nossa interprete, até onde conseguia. Os restaurantes com os menus em alemão, nem nós nem ela conseguia chegar a alguma conclusão sobre os ingredientes. Nada que nos preocupasse, escolhíamos os pratos seguindo o nosso feeling e sempre nos demos bem!


DIA 4 

O terceiro dia de pedal foi no mínimo ‘’agressivo’’. Saindo de Waren pela ciclovia paralela uma estrada muito movimentada fez-nos muita confusão. Paramos, ligamos o computador, conectamo-nos à internet e procuramos o track ‘’Berlim – Copenhaga mas o oficial- Este track era bem mais sossegado, atravessava aldeias e longos campos de cultivo. Tudo muito bonito até o tempo começar a ficar cinzento, o vento de frente fazer-se sentir e a chuva começar a cair. 

Parámos num supermercado para comprar sacos do lixo para proteger a nossa bagagem, como estava na hora de almoço compramos também o nosso almoço. Abrigados junto à porta de entrada ‘’almoçamos’’…
Enfrentamos a chuva e o vento até onde podíamos, mas a sensatez e o bom senso mandou a gente parar e apanhar o comboio. Não valia a pensa sofrer mais neste dia, mas mesmo assim pedalamos 80km!

Entramos no comboio em Gustrow e fomos até Rostock, cidade portuária onde iriamos apanhar o ferry para atravessar o mar báltico para a Dinamarca. Estudamos se ficaríamos nessa noite na Alemanha ou se atravessávamos logo para a Dinamarca. (A viagem de ferry demorava cerca de 2h). Optamos pela segunda o que nos fez chegar às 23h ao país ‘’Viking’’. Claro que não tínhamos hotel marcado, por isso assim que saímos do Ferry em Gedsa a nossa preocupação era encontrar um hotel ou algo parecido. Naquelas horas da noite e numa pequena povoação o nosso fim foi bater na porta de um hostel até acordarmos o dono para nos deixar dormir. 


DIA 5

O quarto  dia de pedal amanheceu com um céu azul. A chuva tinha dado tréguas, mas o vento não! As primeiras dezenas de kms foram feitos completamente absorvidos pela paisagem, mas depois começamos a sentir o vento até a um ponto que já não víamos mais nada a não ser recto. A intensidade do vento era tanta que nem conseguimos conversar. O vento sempre esteve contra!
A pausa para almoço foi crucial. Na pequena cidade de Vordingborg bem junto ao mar saboreamos o nosso almoço. Assim que seguimos viagem o vento tinha desaparecido. O percurso era lindíssimo, beirando o mar, atravessando campos de cultivo com diferentes tonalidades, pedalando em ciclovias ou estradas muito pouco movimentadas…simplesmente um sonho. 

Os kms passavam sem nos apercebermos, apenas quando o final de tarde chegou é que decidimos parar para procurar hotel. Tínhamos já 105Km e estávamos bastante cansados e com a bunda a doer. Procuramos por hotel mas nada feito. Compramos ‘’mantimentos’’ e seguimos caminho. Apenas encontramos hotel quase 40km depois, em Koge já bem de noite e completamente exaustos. O bom era que estávamos a apenas 40km de Copenhaga! 


DIA 6

Como tínhamos poucos kms para fazer, acabamos por sair mais tarde e assim recuperar um pouco do dia anterior. Chegamos a Copenhaga ao final da manhã. O sol do dia anterior tinha ido embora, o tempo cinzento, frio e chuvoso voltou. Fizemos uma tentativa de conhecer a cidade, mas com o tempo que se fazia sentir foi abortada. Apenas deu tempo para conhecer algumas loja de bicicleta da cidade.
Fomos em busca da casa da Nicola, amiga de infância da Luli e que ela já não via há 14 anos. A Luli tinha vindo para a Dinamarca há 26 anos atrás num programa de intercâmbio. Passou cá  (Dinamarca) um mês, no ano seguinte a Nicola passou um mês no Brasil. Foi emocionante ver as duas a falar dessa altura. A Nicola mostrou um álbum com fotos dessa altura…


DIA 7

Com a ajuda da Nicola conhecemos Copenhaga, claro que a pedalar. Aliás, nem a Nicola nem o marido tem carro! Copenhaga é das cidades europeias com melhor infra-estrutura para a bicicletas. As ciclovias são por vezes mais largas que as próprias estradas! 

Visitamos Christiania , uma comunidade hippie no interior da cidade que tem a sua própria organização. Uma cidade ‘’proibida’’ para a policia porque aqui comercializa-se livremente várias substancias proibidas. Sendo uma grande atracção turística, traduz-se num grande encaixe económico para a cidade por isso a policia vai ‘’tampando os olhos’’. Enganem-se aqueles que pensam que Christiania é um local inseguro ou horroroso. Existe respeito, regras, limpeza e o local em si é bastante privilegiado. Existem canais e grandes lagos de uma beleza ímpar. 

A Nicola indicou-nos também o caminho para encontrarmos a pequena sereia. Uma das estátuas mais fotografadas do MUNDO! É uma ‘’simples’’ estátua de tamanho ‘’normal’’ na margem de um canal. É impressionante a quantidade de turistas que vem a este local para ver a pequena sereia, IMPRESSIONANTE! Vá-se lá entender o ser humano…

Depois de conhecer a cidade em modo ‘’expresso’’, começamos o nosso regresso para Berlim. Não queríamos fazer a viagem directa por isso procuramos cidades que pudessem ficar no caminho. Optamos por Hamburgo, descrita como uma das mais bonitas do norte da Alemanha e que outrora foi capital deste país. Depois de 4 longas horas de comboio chegamos à cidade, já passava das 22h e novamente sem hotel marcado. Deambulamos pela cidade em busca de um hotel, percorremos as principais artérias e apreciamos os principais monumentos. Tínhamos praticamente a cidade por nossa conta. Ficamos encantados com os monumentos e com a iluminação nocturna. Depressa percebemos que esta cidade merecia uma visita mais pausada e decidimos passar um dia aqui. 
 

DIA 8

Sem a preocupação de seguir viagem, acordamos tranquilamente fomos conhecer a cidade. O centro é densamente povoado por todo o tipo de lojas. É um autentico shopping ao ar livre. As roupas que tínhamos estavam já todas sujas…eu optei por lavar algumas peças no hotel. O ''homem cueca'' atacou a cidade, já não tinha mais roupa nem grande vontade de lavar! Muito nos rimos com esta ''situação''!

 
 


DIA 9 

Mais uma longa viagem de comboio entre Hamburgo e Berlim, quase 5h entre vários comboios regionais. O primeiro objectivo mal chegamos a Berlim foi devolver as bicicletas ou o que restava delas. A nossa tandem mais parecia um oito, já não tinha grande confiança a pedalar nela e vista de cima estava completamente enviesada…MAS, fez a viagem toda! 

Tínhamos jantar marcado com o Marcello e com a esposa. Com alguém nativo da cidade é muito fácil comer bem. Fomos num restaurante italiano que nos serviu umas deliciosas pizzas.
Comer em Berlim é normalmente barato, beber é que é caro. Uma pizza custou 6.50€ e uma Coca-Cola 4.50€! 

 

DIA 10

Tínhamos o dia para passear por Berlim e assim o fizemos. O nosso turismo é um pouco diferente do habitual, apesar de gostarmos de conhecer os monumentos da cidade, interessa-nos bastante entrar em lojas de bicicletas e de desporto em geral. A nossa rota foi essa até à altura de irmos levantar os kits da maratona num antigo aeroporto de Berlim.
Apesar de ainda não ter grande experiência em maratonas, a feira da maratona de Berlim é enorme! Para chegarmos na entrega dos kits tivemos que atravessar todos os stands e demorarmos umas boas dezenas de minutos para ir e voltar! 
Acabamos o dia bem cansados! 

 

DIA 11

Dia de competição. O ambiente pré-competição é bastante contagiante. A musica, os atletas, os outdoors, tudo fica envolvido com o espírito de atleta. A organização optou e muito bem por colocar a partida da maratona às 15.30h. Ainda deu tempo para um passeio pela cidade para comprar uns souvenirs, almoçar tranquilamente e preparar para a largada. 

Eu tinha patinado meia dúzia de vezes, não me sentia muito à vontade para patinar 42km! Nos minutos que antecederam a largada estava tenso, pensando no que me tinha metido. A Luli ria, eu estava apavorado. Pensava que se caísses poderia ser atropelado pelas centenas de patinadores que se encontravam atrás. Estava tramado! 

Quase 7 000 participantes alinharam. O record do percurso era de 01.00.33 segundos! Imaginem o que é patinar 42km em uma hora! Eu queria terminar a prova, não sabia se iria conseguir sinceramente. Além do limite de 2.30h a componente quedas assustava-me seriamente. 

Foi dada a partida, tentei entrar no meu ritmo que nem eu sabia muito bem qual era…a Luli acompanhava-me…até que dei a primeira queda. Levantei-me depressa e continuei. A Luli passou para a minha frente. Dei a segunda queda e a Luli não deu conta, começou a ganhar distância. Dei a terceira queda, a distância aumentou. Dei a quinta queda a distância aumentou mais ainda. Já não a via nas longas rectas. Descobri que para não cair tinha de me concentrar ao máximo e abstrair-me de tudo o que me rodeava. Bandas de musica  que tocavam na beira do percurso, crianças aplaudindo e cumprimentado, abastecimentos, etc.  Ao fim de vinte e muitos kms vejo a Luli ao fundo. Redobrei a concentração e acelerei o meu ritmo. Consegui alcança-la. Fiquei muito contente e ela também. Daí em diante poderíamos seguir juntos. 

Nunca entrava num pelotão, nem em grupos nem nada que me pudesse originar uma queda. Já estava com a minha coxa direita e ambos os pulsos doloridos das quedas. Não consegui evitar mais uma queda quando alguém na minha frente me abrandou e que me fez desequilibrar e acabei no chão. Aqueles momentos antes de tocar no chão já estava a ‘’chorar’’ porque sabia que iria doer imenso! 

Quando faltavam 8 km para a meta começou a chover…eu nunca tinha patinado a chover! Inicialmente pensei que o patim tinha as rodas soltas tal era a forma como escorregava no alcatrão. Abrandei bastante o ritmo até ganhar confiança no piso molhado. Vi algumas quedas, algumas delas bastante graves e pensei que eu poderia ser a próxima vitima. Faltava pouco para completar a primeira maratona de patins, toda a concentração era pouca. 

O Portal de Brandenburgo marcava as ultimas centenas de metros de prova… o pórtico de meta estava logo ali ao fundo…terminei a prova com 2.05.53h estava muito FELIZ por ter sobrevivido!
A Luli chegou logo de seguida…ambos muito felizes por termos feitos abaixo das 2.08.00h, isto é, abaixo do tempo de um atleta brasileiro que corre a maratona neste tempo!

Além da medalha de finisher que recebi, tinha várias medalhas espalhadas pelo corpo…mas tudo bem. O dever foi cumprido!

O record da prova foi batido por um atleta francês que fez os 42.195km em 1.00.04h!!!!! Mais tarde vim a saber que havia uma atleta Portuguesa que completou o percurso em 1.15.23h. Estes atletas simplesmente voam! 


DIA 12
A maratona de Berlim é considerada a segunda maior maratona do Mundo e pertence ao grupo BIG 5 – Berlin, Chicago, Boston, Nova Iorque e Londres. É bom por vezes estar do lado de cá, assistindo à competição. Levantamo-nos bem cedo para ver a largada de 40 000 atletas. Para terem uma ideia, os primeiros atletas estavam no km 20 e ainda havia atletas a partir!  Impressionante a moldura humana que se forma. A animação na largada, a música, as palmas, os gritos…é contagiante, mas desta vez ficamos ambos do lado de cá. No entanto para conseguir ver a largada obrigou-nos a uma corrida de alguns kms. 

Podemos assistir aos metros finais dos primeiros atletas, mesmo em frente ao Portal de Brandenburgo. Neste local tinha uma tela gigante que passava imagens da corrida. Quando passavam imagens da vista aérea dava para ter uma melhor noção da velocidade…é SURREAL a velocidade e a arrepiante assistir na recta da meta. Adorei a experiência! 

O vencedor foi o Queniano Geoffrey Mutai com 2.04.15h!

Agora é tempo de regressar à Amarante, voltar à rotina de trabalho.




 Mais em : www.lulicox.com

sábado, setembro 29, 2012

DBR 2012 - Entrega de Bicicletas - XMILE Cycle Team - A Terra dos Homens

São momentos como estes que ficam gravados na memória de quem esteve na DBR 2012. A entrega das bicicletas e capacetes às crianças da associação a Terra dos Homens foi emocionante. A Terra dos Homens funciona como um centro de acolhimento temporário de crianças e jovens em risco. É uma instituição pública de Solidariedade Social sem fins lucrativos. Podem saber mais aqui:

http://www.joaomarinho.com/2012/06/dbr-2012-responsabilidade-social.html

Obrigado Sérgio Pinho, obrigado XMILE Cycle Team, obrigado Terra dos Homens, obrigado crianças, BEM HAJAM todos! A todos os envolvidos o nosso sincero e sentido agradecimento!

As crianças tem usado as bicicletas e são crianças mais felizes. Que grande orgulho todos nós sentimos!

As crianças são mesmo a melhor coisa do mundo....O R G U L H O!!!!