Os Caminhos de Santiago são os percursos percorridos pelos peregrinos que afluem a Santiago de Compostela desde o século IX. Estes são chamados de peregrinos, do latim "per aegros", "aquele que atravessa os campos". Têm como seu símbolo uma concha, normalmente uma vieira designada localmente por "venera", costume que já vinha do tempo em que os povos ancestrais peregrinavam a Finisterra.
Os caminhos espalham-se por toda a Europa e vão entroncar aos caminhos espanhóis. Com excepção das várias vias do Caminho Português e da Via da Prata que igualmente cortava Portugal a nordeste, que têm origem a sul, e do Caminho Inglês que vinha do norte, a maior parte ligam-se ao caminho francês por virem a pé ou a cavalo de leste.
O Caminho de Santiago entrou na história há doze séculos, quando foram encontrados os restos mortais do apóstolo, São Tiago, ou Santiago, na que hoje é a cidade de Santiago de Compostela.
Até ao momento efectuei 3 dois caminhos que apresento em seguida. Em cada tópico apresento o link para o o relato pessoal. Os restantes, assim que os faça (?) actualizarei a lista.
Tracks para GPS em formato .gpx é só solicitar. Enviem email para joao.marinho@nexplore.pt que eu terei todo o gosto em responder e esclarecer as duvidas que possam ter.
* Caminho de Santiago Português pela Costa também disponível.
Coloquei um link sobre a historia de cada caminho. Mas felizmente que a informação online abunda e podem encontrar outros sitios com informações sobre cada um dos caminhos.
CONTRIBUIÇÃO
Se quiserem contribuir com tracks, informações, actualizações, outros caminhos, relatos, etc. teria todo o gosto em receber os vossos emails. O meu email está acima mencionado.
CAMINHO PARA SANTIAGO DE COMPOSTELA
Peregrinar é um acto de Fé. É um Caminho e como tal pressupõe um itinerário, mas não se esgota nele. Tem que se lhe associar uma intenção e um objectivo, que alimentam a motivação e despertam a busca interior, promovendo assim o enriquecimento espiritual e cultural.
Caminho Português a Santiago de Compostela. (Amarante - Santiago de Compostela)
Em 2003 iniciou-se a ''conquista'' dos Caminhos de Santiago, e como não podia deixar de ser, o primeiro foi o Caminho Português a Santiago saindo de Amarante. Existem várias possibilidades, sendo que a mais concorrida nos dias de hoje é com saída do Porto.
No final dos anos 90 os Caminhos de Santiago eram ainda muito pouco frequentados pelos Portugueses. Nessa a altura a informação era escassa, trabalhava-se com cartas militares ou roadbooks e seguir o caminho era muito mais que uma simples viagem até Santiago, era uma aventura.Tudo começou com uma simples placa à saída de Amarante azul e Amarela que dizia ''Caminho de Santiago''. Nessa altura informei-me sobre o que queria aquilo dizer...eis que me dizem que existe um caminho até Santiago de Compostela que mistura estrada com trilhos que passa em Amarante.
Algum tempo a ''cozinhar'' a ideia, a analisar quais as possibilidades e capacidades de chegar a Santiago...tentar convencer amigos e a escolher a melhor altura para o fazer. A minha bike de então era uma Mountain Cycle Tremor FR1, um bicho raro! Uma bike de Freeride com uma configuração de Cross- Country, avanço de 110mm, guiador low rise e pneus semi-slicks...já o peso era de uma bicicleta de downhill, os quase 20kg obrigavam-me a estar em forma! Muitas foram as viagens Amarante - Porto e Porto - Amarante nesta bicicleta na altura para ir para ISEP. Ainda guardo esta bicicleta na minha garagem que tem tantas historias que irei partilhar mais tarde.
A altura escolhida foram as mini férias do Carnaval de 2003 pois pensei eu que 3 dias chegam e sobravam para fazer Amarante - Santiago de Compostela, cerca de 300km. Neste primeiro registo fui apenas eu e o Rafael Moura, ao escolhermos esta altura arriscávamos a apanhar com os rigores do inverno...por isso houve chuva, frio e lama com fartura...
Saída de Amarante, passagem por Guimarães, Braga e Ponte de Lima. O primeiro dia estava feito e sempre em estrada. Depois de Ponte de Lima o caso mudou de figura, vieram os trilhos a sério, a Serra de Labruge, Valença, a passagem pelo Rio Minho, Tui, Porriño e Redondela onde acabamos o segundo dia. Aqui encontramo-nos com um grupo de Barcelos e fomos até Santiago com eles. Com a entrada em Espanha encontramos melhores marcações e melhores condições para os peregrinos. Em Redondela ficamos num albergue que tinha sido inaugurado há pouco tempo, com todas as condições que os peregrinos precisam. O terceiro dia passou por Pontvedra, Caldas dos Reis e Padrón onde novamente ficamos num albergue para peregrinos. Daí até Santiago são cerca de 30km rápidos e que ainda mais rápidos se tornam na ânsia de entrar na imponente Praça do Obradoiro com a imponente Catedral, o Paço de Raxoi e o Hostal dos Reis Católicos.
Esta primeira ida a Santiago foi como ''abrir caminho'' para em Setembro voltar, mas desta feita com os BTTâmega. Não houve registo fotográfico em Fevereiro, mas em Setembro a historia não se voltou a repetir... Talvez tenha sido o passeio que já participei que melhor ambiente teve...que saudades desses tempos...BTTâmega para sempre!
Recordo com saudade a :
A saída de Amarante até foi abençoada pelo Padre em pleno mosteiro de S. Gonçalo
A tentativa de fazer o jantar no albergue em Ponte de Lima, o frango ficou cru e a massa empapada
A actuação do Navega no albergue em Redondela que encantou toda a gente e a mim me fez soltar uma lágrima
As corridas em tronco nu em Padrón durante a noite
A chegada a Santiago e a brincadeira que lá se fez na Praça do Obradoiro
Se quiserem ler sobre a Via da Prata que liga Sevilha a Santiago, é só clicar aqui. O Caminho Francês será o tema do próximo ''episódio''.
Fotos : João Marinho, Cláudia Duarte e organização
Historia
Brasil…um país imenso, com uma riqueza natural, cultural e humana única! País irmão que partilha a mesma língua e com um passado intimamente ligado a Portugal. Apesar do atractivo turístico ser tentador, vim ao Brasil para competir na Claro Brasil Ride (CBR) que se realizou pela primeira vez no estado da Bahia, na região da Chapada Diamantina.
Uma prova que estava muito mediatizada a nível mundial, que reunia alguns nomes do TOP mundial do desporto e com uma organização coordenada pelo nosso amigo Mário Roma. Mário Roma, um Português radicado no Brasil há várias décadas e que partilha como nós a paixão pelo BTT e que já participou em variadíssimas provas por etapas um pouco por todo o mundo. Esta experiência transmite confiança na hora de aceitar o desafio de realizar 6 etapas, 600km e 11 000m de acumulado de subidas em solo Brasileiro.
Equipas Portuguesas
Os portugueses responderam em voz alta ao apelo da CBR e marcaram presença em diversas categorias – Celina Carpinteiro que fez equipa com a Alemã Ivonne Craft e Sandra Araujo que pedalou ao lado da Italiana Lorenza Menapace em femininos. Na classe Open Men foram 4 as equipas, sendo 3 delas pertenciam à Rocky Mountain Portugal que se juntou à AMI (Assistência Médica Internacional) nesta aventura- Hélder Carvalho\Pedro Araujo, Humberto Luis \Tiago Branco e Valério Ferreia\João Marinho. O Team Acreditar fez representar pelo Nuno Duarte & João Relvas. Foram 12 as nações presentes em prova, dos vários cantos do mundo!
Deste grupo a grande maioria já tinha feito outras provas do género, partilhando experiencias e dicas com os que se estavam a estrear nestas andanças. O bom ambiente foi sempre uma constante ao longo de toda a semana da prova, não só entre os Portugueses, mas entre todos os atletas que participaram numa das provas de BTT mais desafiantes para homens e máquinas jamais realizadas...
Clima
Em Novembro o Verão Brasileiro começa, esta região da Bahia é considerada árida, chove ocasionalmente, os trilhos estão secos na grande parte do ano. A Chapada Diamantina está situada no interior do estado Baiano, mas há muitos milhões de anos atrás por incrível que pareça, estávamos bem no fundo do oceano. Naturalmente ainda existe vestígios, sendo que a principal é a areia. Agora imaginem 6 dias de constantes chuvas neste terreno?! O que aconteceu foi um incremento exponencial na dureza da prova e proporcionalmente no desgaste da bicicleta.
Bicicletas
Nestas alturas apercebemo-nos o quão frágeis são os sistemas de transmissão tradicionais quando expostos a estas condições. A incasável equipa de mecânicos não tinha descanso e segundo dados deles, trocou-se mais de 500 pares de pastilhas e sagraram-se 300 travões! Correntes partidas, perdeu-se a conta! O desgaste de uma prova destas é comparável ao uso durante uma época inteira. A bicicleta tem de vir nova ou como nova para a prova obrigatoriamente. Não podia de ficar mais satisfeito com a escolha que fiz – A Rocky Mountain Element Team de 2011 levou-me até à sexta posição e não estranhei nada a mudança de rígida para suspensão total. Aliás para este tipo de provas é o ideal, pois além de maior conforto permite menos desgaste físico ao longo das etapas.
Competição
No lado competitivo, na categoria feminio a Dupla BTT Loulé\ Loulé Conselho da Celina Cartpinteiro e Ivonne Kraft ganhou as 6 etpas, não dando sequer hipótese à concorrência. Sandra Araujo e Lorenza Menapace ficou em terceiro. Na categoria mista, a vitoria sorriu à dupla Americana - Jennifer Hopkinson-Smith & Brian Smith, em Masters os Brasileiros - Abraão Azevedo & Plínio Souza dominaram. A categoria rainha – Open Men, foi disputada por atletas checos e suíços até ao final. A dupla – Robert Novotny & Kristian Hynekacabou por vencer, na frente de Martin Gujan & Bischof Christof e dos brasileiros Ricardo Pscheidt & Gilberto Goes. A melhor dupla portuguesa foi 6ª classificada, formada por mim e pelo amigo Valério Ferreira.
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Logística
A CBR partilha a mesma logística de outras provas épicas. O recinto da prova alberga tendas para os atletas dormirem, restaurante onde é servido o pequeno-almoço e jantar, que diga-se de passagem, estava impecável. Lounge onde se podia relaxar um pouco ouvindo musica, conversando, descansando nos sofás e puffs fornecidos, ou mesmo bebendo uma caipirínha. Hospital de campanha, Serviço de massagens, lavagem de bicicletas, bike park, serviço de mecânica, WC´s e internet.
O despertar era bem cedo à excepção do prólogo. Entre as 5 e as 6 da manhã, para uma partida às 7h ou 8h. Assim que o dia nascia a sirene fazia-se sentir, não deixando mais ninguém dormir. A ideia seria evitar o pico do calor que acontecia entre as 11h e as 15h…mas que nem os brasileiros dizem, ‘’que dê do calor’’?
Organização
Este era um dos pontos que reunia alguma expectativa em todos os participantes, por ser a 1ª edição e por ser no Brasil que não tem tradição de estes grandes eventos de bicicletas. No cômputo geral, a organização esteve bem, com imenso staff que nos brindou com uma simpatia inacreditável. A atenção aos pormenores foi irrepreensível, mas só os mais atentos reparam. Os aspectos menos positivos, são facilmente compreensíveis para uma prova desta dimensão.
Percurso
O traçado ‘’escolhido a dedo’’ proporcionou aos atletas paisagens arrebatadoras, momentos de diversão inesquecíveis apesar do tempo dificultar em muito o trabalho de todos.
Um aspecto que facilita em muito a logística, mas que a mim não me agrada (apesar de compreender) é que apenas 2 cidades serviram de base a toda a prova – Mucugê e Rio de Contas. Havia dias em que a partida e chegada era na mesma cidade (ou Mucugê ou Rio de Contas), o que de certa forma reduz o potencial turístico da prova comparativamente a traçado em que se muda de cidade todos os dias.
Menções Honrosas
Não podia deixar passar em branco dois atletas que estiveram presentes na prova e que acima de tudo deram um grande exemplo de vida a todos. Adauto Belli é um atleta invisual de uma simplicidade incrível e que participou num tandem (bicicleta de 2 lugares). A única coisa que o fez parar foi mesmo o quadro que não aguentou os 6 dias de prova. Mas nem assim o fez parar. Enquanto nós pedalávamos 105 km na última etapa, Adauto fez 60km correndo a pé!
A segunda menção vai para o atleta que completou a 6 etapas com uma prótese na perna esquerda demonstrando assim que a palavra deficiente é uma motivação e não uma exclusão!
Patrocinadores
Sem eles esta aventura seria bem mais complicada de se concretizar. A primeira palavra vai para a organização da prova que colaborou desde o primeiro momento que a prova foi idealizada. A Cofides transformou em realidade em tempo record o design dos nossos equipamentos criados pela Bgrafics. A Fercase que apoio o team Rocky Mountain Portugal desde o primeiro momento. Todos os outros que também foram importantes ao longo do ano , nomeadamente a 4&2 Impact, Vitargo, Evoc, ESIgrips, Ciclocoimbrões, Hi-Temp 42, EA-Fit e p município de Amarante. Á ONBIKE por agora partilhar com todos vocês mais uma prova épica além fronteiras. A todo o grupo de Portugueses, deixo também o meu agradecimento pelo excelente ambiente vivido!
O slideshow da prova:
Antes e depois da prova
São precisas cerca de 12h de avião para ir do Porto até S. Paulo como tal há que aproveitar a oportunidade para conhecer um pouco mais o país. Assim o fiz, primeiro em S. Paulo e logo com direito a guia, o Tom Cox. Só desta forma é que consegui regressar a casa...abençoado Tom! Claro que houve tempo para conhecer alguns amigos e amigas brasileiras, fazer novas amizades é sempre uma prioridade para mim!
Em Salvador da Bahia o casal Algarvio, Celina Carpinteiro e Valério Ferreira juntam-se a nós rumo à Chapada Diamantina. A nossa anfitriã, a Paulinha recebeu-nos numa pequena casa numa pequena aldeia perdida nos morros...o Capão. Este local mágico encanta pelas paisagens em seu redor, pelos enormes morros e pelas várias cachoeiras. Uma delas tinha uma queda de quase 350m de altitude. A Cachoeira da Fumaça! Este local é património da humanidade por alguma razão!
Isto antes da prova...depois para descomprimir o destino foi a paradisíaca Ilhabela na costa. Fiquei maravilhado com este local, bonitas praias, comida deliciosa e um cenário incrível para o Atlântico. O sol foi bastante tímido e num dos treinos até à famosa praia de Castelhanos, até lá encontramos um pouco de lama...mas nada que o Portuga e Bazuca não conseguissem lidar. O problema principal foi mesmo o batalhão de borrachudos que me fuzilaram na praia. O meu sangue ''fresquinho'' para eles foi um belo repasto! Estou a escrever isto muito depois de regressar a casa e ainda tenho as marcas no corpo! Ir à Ilhabela e não subir o Baepi não bate certo, então bora subir o pico. Uma subida em trilho dentro da densa floresta que leva cerca de 1h a fazer. A brazuca decidiu competir comigo a ver quem subia mais rápido...é loira!
Para finalizar, um pouco de fauna que se cruzou à nossa frente nesta visita à Ilhabela...
Regressei a Portugal com momentos inesquecíveis na memoria...obrigado Brasil e até breve!