Apesar de ser a etapa mais curta
da prova, o acumulado assim como a competição pelo pódio neste derradeiro dia
da competição, era previsível que fosse imposto um ritmo intenso. Após poucos
segundos de ser dada a partida começamos a subir e houve logo um ataque que
resultou numa separação do pelotão. O meu corpo precisa de algum tempo até
começar a trabalhar minimamente bem, mas este dia estava a ser particularmente
mais penoso que o habitual. A explicação óbvia foi a marretada do dia anterior
que me levou ao limite. A recuperação depois de um esforço daqueles é mais
demorada.
Com uma primeira parte
relativamente plana o grupo da frente onde seguia permitiu que outro grupo se
juntasse formando um pelotão considerável. Mas esta pacatez durou até o
percurso voltar a ficar ondulante por volta do km 35. Estava na retaguarda do
pelotão quando o ataque aconteceu, perdi o contacto e para recuperar o tempo
(não mais que 30segundos) gani tanto tanto que assim que alcancei novamente o
grupo foi um alívio enorme. Mais uma vez
reafirmo, nunca ficar sozinho no MBC, nunca! Levar com o vento na cara, pedalar
no meio do nada o tempo parece que não passa.
Na contagem de montanha o
espanhol Pau Zamora atacou forte, provocando nova separação do grupo. O outro
espanhol António Ortiz, o canadiano Cory Wallace e o americano Jason Sager
responderam, eu fiquei a ‘’observar’’ juntamente com alguns atletas que não
queriam arriscar nada. No grupo onde seguia estava a ser ‘’marcado’’ pelos meus
mais directos adversários, um australiano e um inglês. Fiz alguns ataques para
tentar separar o grupo para aspirar ao TOP 5 da classificação geral. Nem as
minhas pernas estavam a debitar a mesma potência, nem os meus adversários deram
tréguas.
Quando começamos a avistar a zona
de meta no topo de uma colina tínhamos 80km, pensávamos nós que iríamos
directos e que iríamos terminar ao sprint. Mas fomos contornar a montanha,
fizemos mais algumas subidas o que permitiu que eu e o Marcelo Zamora nos
isolássemos do grupo. O espanhol gentilmente me deixou chegar na sua frente, o
que se traduziu na quinta posição na etapa. O Cory não facilitou e voltou a
vencer. A americana Sonya Looney ganhou nos femininos, mas nada alterou na
classificação geral. A minha posição final foi 7º. Por um lado tenho algum amargo
na boca por não ter conseguido entrar no top 5 devido à etapa 6, mas o que é
certo é que dei tudo o que tinha e a sétima posição numa competição com muitos
atletas profissionais, preparadíssimos não é nada mau.
O parque do seculo XIII onde
terminou a etapa pertence ao principal patrocinador da prova, Genco Tour
Boreau. Com um amplo visual para a estepe, este local ficará certamente na
memória de quem participou na quarta edição do MBC.
Depois de terminar a etapa, ao ver a montanha maravilhosa que estava junto ao acampamento, calcei as sapatilhas e fui fazer Trail Run, ver como é que as pernas reagiam...não reagiram (muito) mal e a vista compensou o esforço. Depois dei uma volta à montanha até regressar ao acampamento a tempo de acompanhar o ultimo atleta a cortar a meta, o amigo argentino Carim que trazia a corrente da sua bicicleta na mão.
Depois de terminar a etapa, ao ver a montanha maravilhosa que estava junto ao acampamento, calcei as sapatilhas e fui fazer Trail Run, ver como é que as pernas reagiam...não reagiram (muito) mal e a vista compensou o esforço. Depois dei uma volta à montanha até regressar ao acampamento a tempo de acompanhar o ultimo atleta a cortar a meta, o amigo argentino Carim que trazia a corrente da sua bicicleta na mão.
A cerimónia de encerramento, o
almoço e jantar foi servido dentro do maior Ger do parque. Decorado a preceito,
mesas rasas, iluminação controlada, peles e animais embalsamadas espalhados em
redor, tudo para retractar o que seria o Ger no século XIII. Ao entrarmos
parece que somos de imediato transportados para outra realidade. Os atletas
foram brindados com actuações de músicos que utilizaram instrumentos milenares
que fez toda a gente vibrar, Houve também um espectáculo de contorcionismo de
cortar a respiração. Houve até um Mongol a cantar musica italiana. A
organização deu assim a conhecer algumas das tradições deste povo que há alguns
seculos atrás conquistou meio mundo usando cavalos e liderado por Chengis Khan.
Pessoalmente, esta componente da história e das tradições fascina-me imenso.
Após serem entregues os jersey’s
de finishers o dia acabou com mais um espectáculo há volta de uma fogueira com
uma encenação da dança do fogo.
Esta intensa semana chegou assim
ao fim. Para mim foi uma experiência inesquecível num país que para mim era
totalmente desconhecido mas pelo qual me apaixonei. Paisagens de cortar a
respiração, pessoas simples e amistosas, os nómadas, os gers, a vida selvagem,
a comida, tantas coisas que ficaram retidas na minha cabeça. Mesmo a competição
que houve, nunca foi feroz, estávamos todos a viver uma grande aventura.
Por ser um número relativamente
pequeno de participantes, isso fez com que houvesse um grande convívio entre
todos, fizeram-se novas amizades, reforçaram-se as existentes, fiquei a
conhecer outras provas e foram colocados vários convites para visitas por todo
o mundo. Foram tantos que é difícil identificar todos...vou apenas agradecer à aqueles com quem partilhei os Gers ao longo da semana. Obrigado Thomas, Ricardo, António, Marcel, Pau, George, Jake pelos momentos divertidos vividos! Agradeço aos organizadores que tiveram a coragem (e conhecimento) de montar uma prova na Mongólia, um país desconhecido e fora do padrão, mas que é simplesmente apaixonante! Obrigado Rob, Willy, Roberto, Maximmo e Chris. As ultimas palavras vão para o Daniel Jesus, um ''ilustre desconhecido'' para muitos, inclusive para mim! Uma pessoa sempre disponível para ajudar, calma, com um sentido de humor apurado e que já viajou por meio mundo em aventuras. Tive muito gosto em conhecer-te Daniel e partilhar contigo esta aventura.
Claro está que agradeço aqueles que enviaram mensagens, comentários e emails. Mesmo apesar de não os ter visto durante a prova, vi tudo assim que regressei à ''civilização''. Foi muito bom ter esse vosso carinho!
Claro está que agradeço aqueles que enviaram mensagens, comentários e emails. Mesmo apesar de não os ter visto durante a prova, vi tudo assim que regressei à ''civilização''. Foi muito bom ter esse vosso carinho!
Na internet existem vários sites de outros participantes e que podem ver aqui:
Cycling Tips | : http://cyclingtips.com.au/2013/09/mongolia-bike-challenge-like-no-other-race-on-earth/
BaikBike : http://www.baikbike.com/genco-mongolia-bike-challenge-like-no-other-race-on-earth/
Cory Wallace : http://www.corywallace.com/2013/09/mongolia-bike-challenge-round-3/
Peter Watson - http://pgwatson.wordpress.com
Lee Rodgers - www.crankpunk.com
Mike Blewitt – http://www.marathonmtb.com/2013/09/08/mongolia-bike-challenge-handling-the-remote/
Daniel Carruthers - www.danielcarruthers.com
Jessica Douglas - http://www.jessicadouglas.com
Erik Bakke – http://bikingbakke.blogspot.ca/2013/09/mongolia-bike-challenge-reflection.html
Venha a próxima!...que foi logo a seguir e que em breve partilharei com vocês.
João Marinho
João Marinho
Report dia 6 - http://www.joaomarinho.com/2013/09/mongolia-bike-challenge-dia-6.html
Report dia 5 - http://www.joaomarinho.com/2013/09/mongolia-bike-challenge-dia-5.html
Report dia 5 - http://www.joaomarinho.com/2013/09/mongolia-bike-challenge-dia-5.html
Report dia 0 - http://www.joaomarinho.com/2013/09/mongolia-bike-challenge-dia-zero.html
Escala em Pequim : http://www.joaomarinho.com/2013/08/pequim-em-tres-dias.html
Apresentação : http://www.joaomarinho.com/2013/08/mongolia-bike-challenge-2013.html
Escala em Pequim : http://www.joaomarinho.com/2013/08/pequim-em-tres-dias.html
Apresentação : http://www.joaomarinho.com/2013/08/mongolia-bike-challenge-2013.html
NOTA: Esta prova aconteceu entre 1 e 8 de Setembro, mas não tive
oportunidade de colocar os relatos online antes.
Mais fotos na minha página de atleta no Face Book: www.facebook.com/marinhojoao