A etapa de hoje era previsível
que fosse rápida. As montanhas não eram muito longas e muitos kms a rolar no
plano. Um bom arranque é fundamental para que se tenha o resto da etapa um
pouco mais tranquila, mas o meu corpo não reage muito bem aos arranques tipo
‘’fisga’’. É impressionante o ritmo que é colocado pelo pelotão da frente na
partida. Cerca de 5kms depois da partida a diferença mantém-se inalterada ente
o segundo grupo e o primeiro, mas recuperar o tempo é muito complicado. O grupo
onde andei inserido hoje trabalhou bem e fomos puxando à vez até ao km 35 onde
estava a primeira subida do dia. Depois disso fiquei apenas eu e um australiano
trabalhando para alcançar outros atletas que se viam ao no horizonte. Por vezes
parecem que estão próximos, mas volto a referir, recuperar tempo é muito
complicado a não ser que apareçam subidas. A parte final mais ondulante
permitiu que recuperasse mais alguns lugares, mas por volta do km 80 a prova
virasse literalmente do avesso.
Um seta apontava para o caminho
errado, o grupo da frente foi logicamente na direcção errada e nós em seguida
também. Começamos a ver ao longe uma carrinha a vir na nossa direcção seguido
de um grupo de atletas, dizem-nos que temos de dar a volta e ir no sentido
contrário porque a marcação num cruzamento estava errada. Aos poucos outros
grupos se aproximam e dão também a volta. Ninguém sabe se a etapa continua a
ser válida ou não. Alguns atletas começam a aumentar o ritmo, eu sem saber bem
o que fazer, mas consciente que se alguma decisão fosse baseada nas posições
actuais (eu passei para a frente da corrida) não seria justo. Continuei no meu
ritmo e o inglês Matt Page tentou distanciar-se, eu fui com ele até à meta,
trabalhando em conjunto , rolando a 40km\h e terminando ao sprint. A posição
não interessava até que alguma coisa fosse comunicada pela organização. Depois
de muito se especular entre os atletas, de se discutir as opções que haveria
para encontrar algo que fosse o menos injusto possível, veio uma decisão
baseada nos tempos no ponto hoje estava a marcação errada. Bom, a decisão foi
muito discutida, muito criticada e todos levantaram dúvidas sobre de que forma
os tempos foram tirados. A minha posição contínua igual, estou em 9º com uma
curta diferença para o 8º. Os líderes continuam inalterados.
Com a partida e chegada no mesmo
local, hoje fizemos um loop pelos vales e montanhas à volta do acampamento. O
cenário continua esplêndido, com um visual a perder de vista, com vales que se
estendem por kms e kms. Depois da segunda montanha fizemos o que para mim foi a
descida mais divertida da prova. Um double track montanha a baixo, com curvas e
contracurvas durante kms. O piso não era escorregadio, a velocidade era
alucinante e o visual ‘’wide screen’’ para o vale à nossa frente era
extraordinário.
A etapa de amanhã será a mais
longa da prova com 167km e 1 730m de acumulado positivo. Vamos mudar de
acampamento, deixamos Kherlen River para nos instalarmos em Gun Galuut. Quando
a organização anunciou que neste local haverá banhos quentes toda a gente
aplaudiu! Para ser perfeito era ter wifi e cobertura de rede de telemóvel.
Algo que surpreendeu tudo e todos
foi a qualidade do catering das refeições. Alimentos variados, bem cozinhados e
em quantidade. Um ponto muito importante a favor da prova.
João Marinho
NOTA: Irei publicar um relato por dia ao longo dos próximos 7 dias.
Atenção que esta prova aconteceu entre 1 e 8 de Setembro, mas não tive
oportunidade de colocar os relatos online antes.
Mais fotos na minha página de atleta no Face Book: www.facebook.com/marinhojoao
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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict