domingo, fevereiro 09, 2014

Trilho dos Abutres

Apesar de já ter passado algum tempo, esta prova ainda está bem marcada na minha memória. O Trilho dos Abutres é uma prova referência em Portugal a vários níveis desde a boa organização, ao tipo de trilhos extremamente técnicos, daí as inscrições esgotarem num ápice. 

A prova tem a partida\chegada em Miranda do Corvo junto à Serra da Lousã, no Centro Norte do país. Optamos por ir no dia anterior (sexta) e assim tentar passar uma noite mais descansada. Mas acabamos por sair tarde, fomos levantar os kits e acabamos por chegar à cama já passava da meia noite na Pousada de Juventude de Coimbra. Sendo eu o culpado (motivos profissionais) da saída tardia, peço desculpa (uma vez mais) aos amigos de viagem. Eles não sabem, mas isto era uma estratégia para chegar à frente deles e parece que resultou :)





A alvorada deu-se muito cedo, eram 06.00h e ainda meios atordoados comemos o pequeno almoço à pressa. Notava-se que todos queriam dormir mais um pouco...
Faltavam 20min para a partida quando chegamos a Miranda. Havia muitas coisas para preparar directa ou indirectamente envolvidos comigo. Foi uma grande confusão, mas no final tudo deu certo e às 08h deu-se a partida com tudo resolvido. Ufa! 

Depressa entramos no carrossel de trilhos da Serra da Lousã. Numa primeira fase os trilhos eram corrivéis apesar dos obstáculos e pântanos constantes. O corpo estava meio que adormecido, não estava a debitar o que sabia que poderia debitar. Tal como no BTT, o meu corpo demora a aquecer por isso teria de dar tempo ao tempo e assim foi. Mais ou menos a meio da prova e ''picado'' por um companheiro do BTT que agora estava rendido ao Trail as minhas pernas acordaram. 

Nesta fase entramos na parte mais técnica, os trilhos pejados de pedras molhada, declives acentuados a descer e a subir, ziguezague entre árvores, passagem de ribeiras constantes, as subidas de tão inclinadas que eram a organização colocou cordas para ninguém cair para trás de costas literalmente.  Estava como peixe na água, e isso reflectiu-se na classificação. Fazia por me alimentar convenientemente mesmo que entusiasmado com aquilo que estava a sentir. Digo isto porque já me aconteceu noutras provas negligenciar a alimentação e depois paguei a factura. A experiência é fundamental neste desporto mais que qualquer outro que já tenha praticado. 

As inúmeras cascatas de água tornavam o percurso particularmente belo e diferente do habitual numa prova de Trail. A muita chuva que caiu contribuiu em muito para que isto acontecesse. As passagens pelas ribeiras tinham traiçoeiras pontes de madeira que exigiam muita atenção, destreza e equilíbrio. Com o passar dos kms reunir estas capacidades tornou-se cada vez pior, por isso comecei por ir pela água mesmo. 



Não sabia bem a minha classificação, o que me diziam variava entre o 7º e o 11º. O meu objectivo era terminar o top 10, mas só quando chegasse à meta é que saberia. Os últimos 5 kms a rolar até Miranda do Corvo foram menos penosos que o habitual, mas custaram a passar. No topo de um pequeno monte já no interior da cidade estava um arco insuflável e algumas pessoas a aplaudir. O meu pensamento era que a prova acabava ali. Esta ultima subida já sentia ''picadas'' nas pernas por isso vinha mesmo a calhar acabar..mas a meta não era ali. Já tinha parado o relógio e tudo, mas tinha que prosseguir mais umas centenas de metros até ao pavilhão onde estava realmente a meta. 

Terminei a prova em 9º da geral, 6º da categoria. Além de ser um bom resultado individual, foi também importante para a equipa se classificar em 1º lugar. Completei os 47km com 5 000m de acumulado em 5.27h. Basicamente a Desnível Positivo ''limpou'' os Trilhos dos Abutres. O Nuno Silva ganhou em Seniores masculinos, a Ester Alves ganhou em Seniores femininos, a Susana Simões em Veteranas femininas, o José Pereira em 3º em Veteranos. Isto ''apenas'' para mencionar os lugares da frente, porque da D+ esteve por todo o lado na classificação, inclusivamente nos lugares ocupados por aqueles que eu admiro muito porque são os que passam mais horas nos trilhos. 

Neste capitulo, o João Mota que começou a correr há pouco mais de um mês, terminava aqui a sua primeira ultramaratona. Impressionante! 

Obrigado a todos por contribuírem para mais um fim de semana muito bem passado e parabéns à organização pelo trabalho efectuado. Invejável! 







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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict