sábado, abril 30, 2011

Sympatex Bike Festival - Riva del Garda


É sempre voltar a Riva e neste caso ao festival que o primeiro que acontece durante o ano. Milhares de visitantes vem a Riva para passar umas mini-ferias neste lugar paradisíaco situado no leito do Lago di Garda. Existem actividades para todos, desde pequenos a graúdos, onde o culto pela bicicleta é sempre a razão principal.

A Rocky Mountain Marathon powered by Vaude é a actividade que reúne mais participantes, cerca de 3000, que são distribuídos pelos vários percursos sendo que o mais expectativa cria, é a Ronda Extrema. São cerca de 105km e 3 500m de desnível positivo acumulado. Um percurso durissimo com subidas intermináveis, descidas bastante técnicas onde sempre acontecem quedas graves e que eu mesmo presenciei uma.


Como hoje era mais um teste à minha forma física e ao meu joelho, não me preocupei com o lugar de partida. O frontal marcava 2160, o que se traduzia no bloco E sendo a partida sensivelmente 15min depois do bloco A. Não há que stressar João, hoje estas aqui para curtir, por isso relaxa que vai ter tempo de ultrapassar se as pernas permitirem. Foi isto que pensei quando via o enorme pelotão à minha frente.

Cá trás presencia-se todo o tipo de coisas, desde gente que ''cai de para-quedas'' na prova, aos que levam este mundo e o outro numa mochila ao pessoal que leva roupa como se fosse para a Sibéria, etc. De facto no topo das montanhas à nossa volta ainda tem bastante neve, mas não estava frio, aguentava-se bem de jersey e calção.


Tiro de partida dado pelo representante da Rocky Mountain - Canadá, Randy Mcinnis e bora lá enfrentar os Alpes. Chegada ao primeiro trilho, engarrafamento tremendo, anda-se devagar, quase parado, aliás, a maior parte vai a pé. Eu faço questão de ir montado. Começa aqui a minha jornada de ultrapassagens intermináveis que se prolongou até à meta.

Detesto travar a subir, mas mais detesto travar a descer, isto é, quando posso descer mais rápido e não o posso fazer. É o que acontece quando se parte cá de trás, mas voltei eu a pensar, relaxa Jony que hoje é para curtir.

Quando se pedala nos Alpes acontece que sobes durante 2h e desces durante meia hora e nas zonas planas rolas a 50\60km\h pois os alemães e Italianos são muito fortes neste campo. A minha escassa preparação fazia-me temer o pior, mas consegui sempre aguentar a dor das pernas, a pulsação sempre em alta e acima de tudo a diverti-me!!!

As descidas por vezes eram tão rápidas que em entrada atingi os 80km\h e em trilho 70km\h!! Sem duvida que a suspensão total ajudou bastante e dá mais confiança a descer.

A chegar a Riva, tive ainda direito a uma chegada ao sprint bastante aplaudida e que acabou com as ultimas forças que ainda restavam. Diga-se de passagem que não sei bem para quê porque o resultado era relativo, mas o pessoal picou-me e eu mordi o isco. 

Os dados finais são 5.10h e 55º. Tendo em conta que treino há cerca de um mês, considero um bom resultado. Estiveram presentes os melhores atletas do mundo, inclusive o actual campeão do mundo de maratona, Alban Lakata. O Vencedor foi o Suíço Urs Huber nos masculinos e  a Finlandesa Pia Sundstedt da Rocky Mountain nos femininos.

Na noite de sábado é chamada OPEN NIGHT e que é uma noite onde o recinto da feira está aberto ao publico e os expositores aproveitam para fazer churrascos, oferecer cervejas, passar vídeos e musica...um ambiente puramente descontraído em que toda gente convive e se diverte. 

Ainda não o disse, mas este festival é ao ar livre, onde para onde se quer que se olha de vê montanhas, montanhas com várias centenas de metros de altura o que cria um enquadramento perfeito.

Penso que todos os apaixonados pela bicicleta deveriam vir cá para sentirem a energia do local, das actividades que existem, pela forma como a bicicleta é tratada e cultivada, pelo festival em si , pelas marcas presentes, pelas novidades que já se podem ver do ano seguinte, pelo convívio, pelos trilhos, pela comida, pelo acolhimento, etc.

A vinda a Riva é uma oportunidade de se falar directamente com as marcas, de se efectuar negócios e parcerias e também para tirar ilações sobre os eventos que se organizam. A Nexplore está presente nestas áreas e para se estar na linha da frente, tem de se estar presente nestes eventos.


Aqueles que pensam que vim cá só para ''passear'' estão bem enganados, pois os dias são passados em reuniões, em explicações, apresentações que nos obrigava a estar sempre concentrados na nossa actividade. Claro que ''trabalhar'' em Riva parece que não sabe a trabalho, mas a realidade é que o é.





Amanhã acaba o festival e é tempo de rumar a Portugal com novas ideias e novos horizontes.

Fiquem atentos.


segunda-feira, abril 25, 2011

Mountain Quest 2011

Atravessar as serras, as 3 serras de uma só vez num único dia - Serra da Aboboreira, Marão e Alvão, antevia um dia longo, mas um desafio épico e que já há muito estava na minha cabeça. 

Existe o mundo e existem estas 3 serras que circundam a minha cidade - Amarante. Continuam a surpreender-me pela sua beleza, pelos seus trilhos e pela sua imponência. Enfrenta-las não bastava, teria que subir aos seus pontos mais altos, aliás, o caminho era sempre pelos pontos mais altos de cada uma delas.

Percurso realizado encontra-se a amarelo. 
A vermelho é o DBR EPIC 2010 e a azul a 2ª etapa da DBR 2011

O GPS marcou as altitudes máximas em cada uma das serras :
  • Serra da Aboboreira
    • 950m - Topo da Serra da Aboboreira
    • 913m - Parque eólico de Loivos do Monte
  • Serra do Marão
    • 1273m - Parque eólico da Teixeira
    • 1408m -  Antenas do Marão (Sra da Serra)
    • 1198m  - Parque eólico de Pena Suar
  • Serra do Alvão
    • 1198 -  Lamas D'olo
    • 1316m - Parque eólico do Alvão
    • 909m - Sra da Graça
Nota: Partida de Amarante a uma altitude de 76m
    Do alto da Serra da Aboboreira contemplamos o Vale do Tâmega, desde o conselho de Amarante a Entre-os Rios, passando pela Lixa, Felgueiras, Lousada, Penafiel, e o Marco de Canavezes. Espalhados pela Serra encontramos vários monumentos megalíticos com milhares de anos que nos transportam para a idade da Pedra.

    No alto de Quintela, o ponto mais alto da antiga estrada Pombalina que ligava Pêso da Régua ao Litoral, passamos da Serra da Aboboreira para a Serra do Marão. Aqui a vistas para o Rio do Douro, para a região do Alto Douro Vinhateiro e para a Serra de Montemuro enche-nos a vista num horizonte sem fim. A aldeia de Mafomedes ''perdida'' em plena Serra faz-nos pensar: Como é que é possivel viver num local tão remoto?
     

    Comecei a subir a Serra do Marão em direcção ao Parque Eólico da Teixeira, uma longa e dura subida que nos leva dos 500m aos 1300m de altitude. Daqui a vista é arrebatadora, fazendo esquecer o esforço necessário fazer para a alcançar.

    Segue-se um dos trilhos mais épicos e mais impressionante que a Serra do Marão oferece. A descida alucinante em direcção à Aldeia de ''Sobre a Fonte''. De um lado temos o enorme maciço rochoso da Serra do Marão, com os seus enormes precipícios, do outro os vinhedos do Douro que se estendem até ao leito do Rio Douro. Manter a atenção ao trilho torna-se difícil pois a beleza que nos rodeia é estonteante.
     

    O percurso contorna a Serra pelas suas aldeias mais remota, passando pela aldeia de Ferraria e Ermida. Aldeias desertificadas onde as famílias que lá vivem se devem contar pelos dedos de uma mão. Aqui comprei um folar da pascoa, pois já não tinha mais nada que comer. Para tudo é preciso sorte e eu tive ela do meu lado neste momento, pois encontrei um padeiro a fazer as ultimas entregues aos aldeões.

    A subida mais dura do dia liga a Aldeia da Ermida às Antenas do Marão onde passamos dos 600m aos 1400m de altitude. Um trilho florestal com uma inclinação acentuada que obriga a usar os andamentos mais leves que temos na bicicleta. Não existe descanso, não existe outra opção, estamos entregues a nós mesmos. Sinal dos tempos é um pequeno troço de asfalto em plena serra do Marão, são cerca de 300m que nos fazem pensar: como é que isto veio aqui parar? mas diga-se de passagem, soube mesmo bem.


    Atingindo as Antenas do Marão, atingimos o ponto mais alto do percurso aos 1400m de altitude. Daqui temos uma vista a 360º impressionantes onde é difícil transcrever tudo o que o nosso olhar contempla. Só mesmo uma ida ao local, é que se sente a energia que este local nos transmite.



    Estou a meio do objectivo, tenho ''apenas'' 75 km e sinto as pernas cansadas, mas mantinha a persistência de levar até ao fim o desafio. Mandei uma SMS ao amigo Manuel para ele me fazer companhia na Serra de Alvão, a ultima serra do dia. Em boa hora ele aceitou e veio ao meu encontro a Lamas D'olo. Até lá cruzei dois pontos míticos, o Alto de Espinho que é o ponto mais alto da Nacional 15 que liga Trás-os-Montes ao Litoral e o Alto de Velão que separa o Vale da Campeã do Parque Natural do Alvão.

    A subida para Lamas d'Olo permite-me olhar para trás e ver parte do percurso que já fiz pela Serra do Marão e penso: Eu sou louco!! 
    Uma grande manada de vacas e bois vinha no sentido inverso nesta subida, como eu já estou habituado a encontrar estes dóceis mas imponentes animais, segui o meu caminho. Eles invertem o sentido e começam a acelerar o passo na minha frente. Queria ultrapassa-los, mas não tinha grandes forças para acelerar mais o ritmo e eles aumentavam ainda mais o passo. Não queria assusta-los pois podiam incorrer sobre mim e decidi fazer um sprint com as poucas forças que tinha para os ultrapassar. Consegui-o mas sofri.


    No alto da Serra do Alvão temos uma albufeira maravilhosa que se assemelha a um espelho d'agua que reflecte a beleza à sua volta onde encontramos um manto de urze que pinta o cenário de lilás. Cenário arrepiante!

    Já na companhia do Manel subimos ao ponto mais alto do Alvão onde o horizonte alcança: Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e toda a cordilheira que se estende até Chaves e Espanha. Estávamos num imenso planalto em plena Serra do Alvão de uma beleza indescritível.

    Aqui a chuva ameaçava, os relâmpagos começavam a cair e o sol tímido espreitava por modestas aberturas entre as nuvens. Pedalávamos na direcção oposta à Amarante o que me obrigava a fazer contas à vida e às minhas reservas que já estavam a chegar ao limite.

    Começamos a perder altitude e mudar o sentido da nossa rota em direcção à Sra. da Graça. Pelo caminho atravessamos o Rio Cabril que neste local é apenas um fio de água. 


    O caminho que nos leva da aldeia de Covêlo ao alto da Sra da Graça onde, a flora é a típica floresta Portuguesa que se encontra nesta altura no seu auge.

    Apesar do percurso não ser pelo alto da Sra. da Graça, decidimos fazer um ''desvio'' e ir à capela situada acima dos 900m de altura. Aqui consegui ver os 3 pontos mais altos do percurso em cada uma das serras. Comentei com o Manel, é impressionante o que o corpo e uma bicicleta conseguem fazer!

    A luz começava a escassear e era hora de me dirigir para Amarante. Deixei o Manel próximo de Mondim de Basto e fiz os últimos kms sozinho, mas aqui as forças voltaram e depressa cheguei à cidade. 

    O ditado diz, boda molhada, boda abençoada e não me livrei de apanhar chuva nos últimos kms.

    No final concluo que tive o dia mais épico da minha vida, que consegui cumprir o desafio e que agora merecia comer umas fatias de pão de ló.

    Resta saber se isto poderá ser no futuro a base para um evento para desafiar os mais duros e leva-los a conhecer os seus limites? Fica a questão...

    Love the Ride!


    Dados finais :

    • 150km
    • 5 000m desnível positivo acumulado
    • 11.30h

    Mais fotos do percurso:

      sexta-feira, abril 22, 2011

      Objectivo 5k & 150Km

      Não são 5km de corrida, não são 5km de natação, nem são bem 5km de bicicleta. São 5km (5 000m)de subida acumulada ao longo de um dia de pedal nas Serras da Aboboreira, Marão e Alvão.

      A formula é simples:

      +
      +


      = 
      5 000m & 150 km

      Irei colocar fotos no meu FB do GPS indicando a hora, distancia percorrida, acumulado, altitude e outros dados.

      Pelo menos 10h serão necessárias dado o ritmo não será muito acelerado. O objectivo é enfrentar as subidas mais inclinadas em cada uma das serras e conseguindo fotografar (espero que o S. Pedro colabore) paisagens unicas que mais tarde aqui colocarei.

      Amanhã por esta hora devo estar ligado às máquinas, mas no domingo, já recomposto com umas fatias de pão de ló, irei escrever o relato e colocar fotos.

      Este treino visa a preparação para a Riva del Garda Bike Marathon que será no fim de semana seguinte:


      Podem ver mais info sobre este evento aqui:

      http://www.bike-magazin.de/festival/riva/

      http://www.bikeandmore.it/contest.php?id=263


      O cenário fascinante do Lago di Garda irá receber milhares de participantes que participaram nas varias actividades proposta pelo Sympatex BIKE Festival Garda Trentino powered by Nissan:
      • X-race “SCOTT Nightsprint”
      • King of Dirt powered by Saalbach Hinterglemm
      • Rose Airshow
      • Specialised Enduro Ride powered by Shimano
      • Rocky Mountain BIKE Marathon powered by Vaude - 105km 3561m D+ 
      Devido ao escasso treino que ainda tenho, não vislumbro um objectivo diferente de pura diversão.



      Love the Ride!

      terça-feira, abril 19, 2011

      Zé BTT

      José Manuel Abreu da Silva, mas conhecido por Zé Silva ou somente o Zé BTT de Amarante. No dia que celebrou o seu 29º aniversário decidi escrever este pequeno texto para lembrar a amizade que nos une há anos.




      Longe vai o liceu e as aulas em comum da área de Electricidade, foi aí que nos conhecemos. Nessa altura andávamos ambos de bicicleta em grupos diferentes, mas depressa começamos a partilhar os passeios de domingo. O final do liceu (2011) separou-nos, eu fui estudar para o Porto e ele para Vila Real, ambos na mesma área - Electrotecnia.



      Apesar da distancia, frequentemente fazíamos ''intercâmbios'' ora no Porto, ora em Vila Real. O convívio universitário nessa altura era simplesmente fantástico! Esses tempos davam para tudo: Borgas, treino, ''gaijas'', passeio e vá, estudar...

       


      As primeiras provas começaram em 2002 e logo na altura da semana académica, como devem adivinhar, os resultados não podiam ser brilhantes, mas nessa altura era o que menos importava. 

      Recordo com saudades os tempos em que íamos para as provas ''feitos salsichas'' numa carrinha com a restante equipa dos ''Terríveis'', em que a refeição antes das provas eram: bolinhos, rissóis e fêveras. 
      Os tempos em que por vezes regressávamos para o Porto ou para Vila Real de bicicleta depois das provas dos campeonatos regionais do Minho e do Porto....

      Tantas boas recordações que estaria a noite a escrever sem nunca chegar ao fim.

      Começamos as aventuras nas férias grandes de 2002 com a volta a Portugal em autonomia. A primeira vez que fomos ao sul do país e que quase matávamos os nossos pais de susto quando lhes contamos o que iríamos fazer. Seguiram-se os vários Caminhos de Santiago em 2003, 2004 e 2005, terminando com a Eurotrip em 2006 (10 países e 4 100km) no ano em que estava a acabar a nossa carreia académica. 
      Depois começaram as competições por etapas : TransAlp em 2007, Cape Epic e TransPortugal em 2008, TransRockies em 2009, TransGermany em 2010.


       


      Em 2008 e a Home Energy - Martifer marcou o inicio da nossa actividade profissional. Ambos na mesma área e basicamente com as mesmas funções. Ganhamos experiência na Micro-produção, projectando e coordenando instalações visando a produção de electricidade e agua quente através da energia solar.

      Em 2009 arrancamos com a Nexplore - Sports Events & Bike Products que é ao dia de hoje a nossa actividade principal. 


      Como vêem, o nosso percurso ao longo do tempo confunde-se com as nossas vidas.

      O Zé, um ser humano incrível com um coração grande e uma força de vontade enorme, tem aqui as minhas palavras de apreço por tudo!

      Forte abraço para ti amigo!