Há uns meses atrás dizia que correr uma maratona na estrada era duro o suficiente e que ''nunca'' iria fazer a mesma (ou mais) distância no trilho...pois, ''Nunca digas nunca'' aplica-se perfeitamente. Hoje foi o dia de tentar ser um ultra-maratonista nos Trilhos do Paleozóico. Não estava à espera de uma prova ''dada'' porque conheço, ou melhor, pensava que conhecia a Serra de Valongo e sabia que abundam trilhos, corta-fogos, subidas e descidas duríssimas. Cerca de 60% dos trilhos foram novos para mim. Verdadeiros trilhos de Trail Run diga-se de passagem!
O treino foi escasso, uns míseros 4 (durante a semana), sendo um deles ontem. Portanto as expectativas era de me divertir e tentar não chegar ao fim (muito) empenado. Se a primeira parte foi cumprida, a segunda nem tanto porque cheguei em estado critico, mas já vos conto...
Da extensa equipa ADA Trail Running Team, 6 atreveram-se na ultra-maratona. Saída às 08 da manhã e para surpresa de todos, sem chuva. Mas com a chuva que tinha caído nos dias anteriores os trilhos estavam na mesma enlameados e muito! Foi engraçado ver os participantes nos primeiros kms a fugir das poças de água! Saí sem grandes pressas, tirei algumas fotos e acompanhei o Valter e o Urbano na fase inicial. Passados 11km estava entregue a mim mesmo e raios me partam, lá fui eu subindo o ritmo e passar os atletas que encontrava desenfreadamente. Porquê João?! Não treinaste nada e estás a abusar dizia eu para mim mesmo...já estão a ver o filme não já?
Creio que subimos todos os picos que tem a Serra de Valongo e Pias. A altitude máxima das serras rondam os 400m e querem saber quanto acumulado fizemos em ''apenas'' 43km? 2 260m de acumulado positivo! Se as subidas assustavam, as descidas não ficavam atrás. Um misto de escalada com corrida foi o que fizemos muitas das vezes. Viu-se bem o cuidado da organização na selecção de trilhos, muitos foram abertos especicamente para esta prova. Até pontes foram feitas! Parabéns desde já a toda a equipa!
O percurso não permitia descanso, sempre irregular e com muita, mas muita pedra e cascalho. Os meus pés começaram a doer de tanto andar em cima dos calhaus! Se nas subidas eu conseguia ganhar tempo, nas descidas via-se bem quem estava no habitat natural, pareciam ''cabras do mato''!
Ao km 32, depois do ultimo abastecimento pensei então que daí para a meta seria o caminho que conhecia, ou seja, por um trilho\estradão plano...e foi para a prova dos 16km. Poucos metros depois os percursos separam-se e parecia que seguimos para um pelotão de fuzilamento. Um corta-fogo com mais de 1km de distância pejado de calhaus e com uma inclinação ''de puta madre''! Foi o golpe de misericórdia para o João Marinho. Daí até à meta arrastei-me completamente e rezava para que chegassemos rápidamente. As pernas não reagiam, nem a descer nem a subir...depois juntou-se a dor de burro, uma dor na zona do coração, uma dor no joelho e os pés cheios de pedrinhas...
Cortei a meta exausto com 5.12h completamente KO mas com o espírito satisfeito pelo que o meu corpo tinha vencido. Deitei-me no paralelo ao sol, encostei a cabeça no saco da roupa e fiquei ali à espera que os restantes elementos da equipa chegassem a comer regueifa doce e biscoitos de chocolate (obrigado Ana).
Foi mais um dia impec na melhor companhia possivel para estas andanças e parabéns a todos!
PS. Amanhã não sei se consigo subir ou descer escadas...
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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict