Estava na expectativa sobre como
seria a etapa a vários níveis, paisagens, trilhos, abastecimentos,
subidas\descidas e acima de tudo como o meu corpo iria reagir depois de uma
‘’abstinência’’ quase total de BTT desde o final da TransPyr a 16 de Julho.
Sabia que ia sofrer, mas não
estava à espera de tanto sofrimento logo desde os primeiros kms. Quase que
sentia o batimento do coração na língua de tão elevado que estava. Abrandei,
apreciei a paisagem e deixei passar os atletas e esperei até que o meu corpo desse
sinal de melhorias. Andei umas boas
dezenas de kms até que finalmente conseguiu encontrar um ritmo que me permitiu
recuperar bastantes lugares e o sofrimento diminui consideravelmente. Muitos foram aqueles começaram com um ritmo demasiado elevado e que a meio
estavam praticamente parados nos trilhos. O entusiasmo da partida, de seguir em
grupo muitas das vezes dá neste resultado. A minha experiência felizmente que
falou mais alto e deu bons resultados no final.
As paisagens eram simplesmente
arrebatadoras, vivi um sentimento indescritível, senti que era uma brisa que deslizava na imensa e majestosa estepe. A velocidade muitas das vezes acima dos
40km\h a rolar, com aquele pano de fundo é impossível descrever em palavras. A estepe prolonga-se pelo nosso olhar até ao
infinito. Os cavalos selvagens, o gado e os nómadas preenchem a paisagem e
tornando-a ainda mais bela.
Os trilhos não são muito
técnicos, as descidas requerem alguma atenção, porque facilmente se ganha muita
velocidade. Tirando isso, os trilhos são um convite à velocidade e aos
pelotões. Andar sozinho não é definitivamente o mais indicado, apesar de hoje o
vento não se ter feito sentir. Bom, mas também quando se está num grupo onde a
partilha de sofrimento não existe, também não é o melhor. Ás vezes estava na
frente kms e kms, olhava para trás mas não havia movimentações…
Os abastecimentos foram 3 para
118kms, aos 30, 60 e aos 100km por isso havia que gerir muito bem os líquidos
porque não se encontra água em mais lado nenhum. Havia água, Coca-cola, frutos
cristalizados e uns doces. Além da coca-cola e água o resto não toquei. Durante
a etapa consumi 4 bidons (2 de isotónico e 2 de água), um gel e alguns copos de
coca-cola.
O final da etapa foi terrível, 4
picadas que muitos tiverem que desmontar e empurrar a bicicleta. É nestas
alturas que eu gosto da minha 26’’ com 3 pratos…
A etapa foi ganha por um dos
favoritos e o vencedor da MBC em 2012, Cory Wallace do Kona Factory Team. Nos
femininos a inglesa Catherine Williamson levou o primeiro lugar. Fiquei há
pouco a saber que ela ganhou a edição de 2013 do Absa Cape Epic. Não sei ainda
a minha posição, apenas sei que o meu GPS marcou 5.21min. Amanhã actualizo a
posição.
Depois dos 118km com 2400m D+, amanhã
são servidos 125km com 2300m D+. Vamos mudar de acampamento depois de hoje a
partida e chegada terem acontecido no mesmo local, junto à estátua de Genghis
Khan. Vamos para uma zona de tundra bastante protegida onde está vedada a
entrada dos turistas. Fiquem desse lado!
João Marinho
NOTA: Irei publicar um relato por dia ao longo dos próximos 7 dias.
Atenção que esta prova aconteceu entre 1 e 8 de Setembro, mas não tive
oportunidade de colocar os relatos online antes.
Mais fotos na minha página de atleta no Face Book: www.facebook.com/marinhojoao
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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict