quarta-feira, julho 27, 2011

Claro Brasil Ride 2010 – 1ª Edição – Chapada Diamantina

Texto escrito em 2009

More than a race, a stage in your life

Por João Marinho
Fotos : João Marinho, Cláudia Duarte e organização

Historia
Brasil…um país imenso, com uma riqueza natural, cultural e humana única! País irmão que partilha a mesma língua e com um passado intimamente ligado a Portugal. Apesar do atractivo turístico ser tentador, vim ao Brasil para competir na Claro Brasil Ride (CBR) que se realizou pela primeira vez no estado da Bahia, na região da Chapada Diamantina.



Uma prova que estava muito mediatizada a nível mundial, que reunia alguns nomes do TOP mundial do desporto e com uma organização coordenada pelo nosso amigo Mário Roma. Mário Roma, um Português radicado no Brasil há várias décadas e que partilha como nós a paixão pelo BTT e que já participou em variadíssimas provas por etapas um pouco por todo o mundo. Esta experiência transmite confiança na hora de aceitar o desafio de realizar 6 etapas, 600km e 11 000m de acumulado de subidas em solo Brasileiro.



Equipas Portuguesas
Os portugueses responderam em voz alta ao apelo da CBR e marcaram presença em diversas categorias – Celina Carpinteiro que fez equipa com  a Alemã Ivonne Craft e Sandra Araujo que pedalou ao lado da Italiana Lorenza Menapace em femininos. Na classe Open Men foram 4 as equipas, sendo 3 delas pertenciam à Rocky Mountain Portugal que se juntou à AMI (Assistência Médica Internacional) nesta aventura- Hélder Carvalho\Pedro Araujo, Humberto Luis \Tiago Branco e Valério Ferreia\João Marinho.  O Team Acreditar fez representar pelo Nuno Duarte & João Relvas. Foram 12 as nações presentes em prova, dos vários cantos do mundo!
Deste grupo a grande maioria já tinha feito outras provas do género, partilhando experiencias e dicas com os que se estavam a estrear nestas andanças. O bom ambiente foi sempre uma constante ao longo de toda a semana da prova, não só entre os Portugueses, mas entre todos os atletas que participaram numa das provas de BTT mais desafiantes para homens e máquinas jamais realizadas...



Clima
Em Novembro o Verão Brasileiro começa, esta região da Bahia é considerada árida, chove ocasionalmente, os trilhos estão secos na grande parte do ano. A Chapada Diamantina está situada no interior do estado Baiano, mas há muitos milhões de anos atrás por incrível que pareça, estávamos bem no fundo do oceano. Naturalmente ainda existe vestígios, sendo que a principal é a areia. Agora imaginem 6 dias de constantes chuvas neste terreno?! O que aconteceu foi um incremento exponencial na dureza da prova e proporcionalmente no desgaste da bicicleta.

 

Bicicletas
Nestas alturas apercebemo-nos o quão frágeis são os sistemas de transmissão tradicionais quando expostos a estas condições. A incasável equipa de mecânicos não tinha descanso e segundo dados deles, trocou-se mais de 500 pares de pastilhas e sagraram-se 300 travões! Correntes partidas, perdeu-se a conta! O desgaste de uma prova destas é comparável ao uso durante uma época inteira. A bicicleta tem de vir nova ou como nova para a prova obrigatoriamente. Não podia de ficar mais satisfeito com a escolha que fiz – A Rocky Mountain Element Team de 2011 levou-me até à sexta posição e não estranhei nada a mudança de rígida para suspensão total. Aliás para este tipo de provas é o ideal, pois além de maior conforto permite menos desgaste físico ao longo das etapas.



Competição
No lado competitivo, na categoria feminio a Dupla BTT Loulé\ Loulé Conselho da Celina Cartpinteiro e Ivonne Kraft ganhou as 6 etpas, não dando sequer hipótese à concorrência. Sandra Araujo e Lorenza Menapace ficou em terceiro. Na categoria mista, a vitoria sorriu à dupla Americana  - Jennifer Hopkinson-Smith & Brian Smith, em Masters os Brasileiros - Abraão Azevedo & Plínio Souza dominaram. A categoria rainha – Open Men, foi  disputada por atletas checos e suíços até ao final. A dupla – Robert Novotny & Kristian Hynek acabou por vencer, na frente de Martin Gujan & Bischof Christof e dos brasileiros Ricardo Pscheidt & Gilberto Goes. A melhor dupla portuguesa foi 6ª classificada, formada por mim e pelo amigo Valério Ferreira.

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Logística
A CBR partilha a mesma logística de outras provas épicas. O recinto da prova alberga tendas para os atletas dormirem, restaurante onde é servido o pequeno-almoço e jantar, que diga-se de passagem, estava impecável. Lounge onde se podia relaxar um pouco ouvindo musica, conversando, descansando nos sofás e puffs fornecidos, ou mesmo bebendo uma caipirínha. Hospital de campanha, Serviço de massagens, lavagem de bicicletas, bike park, serviço de mecânica, WC´s e internet.
O despertar era bem cedo à excepção do prólogo. Entre as 5 e as 6 da manhã, para uma partida às 7h ou 8h. Assim que o dia nascia a sirene fazia-se sentir, não deixando mais ninguém dormir. A ideia seria evitar o pico do calor que acontecia entre as 11h e as 15h…mas que nem os brasileiros dizem, ‘’que dê do calor’’?


Organização
Este era um dos pontos que reunia alguma expectativa em todos os participantes, por ser a 1ª edição e por ser no Brasil que não tem tradição de estes grandes eventos de bicicletas. No cômputo geral, a organização esteve bem, com imenso staff que nos brindou com uma simpatia inacreditável. A atenção aos pormenores foi irrepreensível, mas só os mais atentos reparam. Os aspectos menos positivos, são facilmente compreensíveis para uma prova desta dimensão.

 

Percurso
 O traçado ‘’escolhido a dedo’’ proporcionou aos atletas paisagens arrebatadoras, momentos de diversão inesquecíveis apesar do tempo dificultar em muito o trabalho de todos. 
Um aspecto que facilita em muito a logística, mas que a mim não me agrada (apesar de compreender) é que apenas 2 cidades serviram de base a toda a prova – Mucugê e Rio de Contas. Havia dias em que a partida e chegada era na mesma cidade (ou Mucugê ou Rio de Contas), o que de certa forma reduz o potencial turístico da prova comparativamente a traçado em que se muda de cidade todos os dias.

Menções Honrosas
Não podia deixar passar em branco dois atletas que estiveram presentes na prova e que acima de tudo deram um grande exemplo de vida a todos. Adauto Belli é um atleta invisual de uma simplicidade incrível e que participou num tandem (bicicleta de 2 lugares). A única coisa que o fez parar foi mesmo o quadro que não aguentou os 6 dias de prova. Mas nem assim o fez parar. Enquanto nós pedalávamos 105 km na última etapa, Adauto fez 60km correndo a pé!
A segunda menção vai para o atleta que completou a 6 etapas com uma prótese na perna esquerda demonstrando assim que a palavra deficiente é uma motivação e não uma exclusão!


Patrocinadores
Sem eles esta aventura seria bem mais complicada de se concretizar. A primeira palavra vai para a organização da prova que colaborou desde o primeiro momento que a prova foi idealizada. A Cofides transformou em realidade em tempo record o design dos nossos equipamentos criados pela Bgrafics. A Fercase que apoio o team Rocky Mountain Portugal desde o primeiro momento. Todos os outros que também foram importantes ao longo do ano , nomeadamente a 4&2 Impact, Vitargo, Evoc, ESIgrips, Ciclocoimbrões, Hi-Temp 42, EA-Fit e p município de Amarante. Á ONBIKE por agora partilhar com todos vocês mais uma prova épica além fronteiras. A todo o grupo de Portugueses, deixo também o meu agradecimento pelo excelente ambiente vivido!


O slideshow da prova:


Antes e depois da prova
São precisas cerca de 12h de avião para ir do Porto até S. Paulo como tal há que aproveitar a oportunidade para conhecer um pouco mais o país. Assim o fiz, primeiro em S. Paulo e logo com direito a guia, o Tom Cox. Só desta forma é que consegui regressar a casa...abençoado Tom! Claro que houve tempo para conhecer alguns amigos e amigas brasileiras, fazer novas amizades é sempre uma prioridade para mim!



Em Salvador da Bahia o casal Algarvio, Celina Carpinteiro e Valério Ferreira juntam-se a nós rumo à Chapada Diamantina. A nossa anfitriã, a Paulinha recebeu-nos numa pequena casa numa pequena aldeia perdida nos morros...o Capão. Este local mágico encanta pelas paisagens em seu redor, pelos enormes morros e pelas várias cachoeiras. Uma delas tinha uma queda de quase 350m de altitude. A Cachoeira da Fumaça! Este local é património da humanidade por alguma razão!


Isto antes da prova...depois para descomprimir o destino foi a paradisíaca Ilhabela na costa. Fiquei maravilhado com este local, bonitas praias, comida deliciosa e um cenário incrível para o Atlântico. O sol foi bastante tímido e num dos treinos até à famosa praia de Castelhanos, até lá encontramos um pouco de lama...mas nada que o Portuga e Bazuca não conseguissem lidar. O problema principal foi mesmo o batalhão de borrachudos que me fuzilaram na praia. O meu sangue ''fresquinho'' para eles foi um belo repasto! Estou a escrever isto muito depois de regressar a casa e ainda tenho as marcas no corpo! Ir à Ilhabela e não subir o Baepi não bate certo, então bora subir o pico. Uma subida em trilho dentro da densa floresta que leva cerca de 1h a fazer. A brazuca decidiu competir comigo a ver quem subia mais rápido...é loira!




Para finalizar, um pouco de fauna que se cruzou à nossa frente nesta visita à Ilhabela...




Regressei a Portugal com momentos inesquecíveis na memoria...obrigado Brasil e até breve!


Até à próxima!
 
Love the Ride!

6 comentários :

  1. foi com enorme prazer que participei neste evento. Muito obrigado pela Oportunidade. Um grande abraço a todos os tugasssss!!!!!!!1

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  2. Nós, baianos, agradecemos a presença dos Portugas, vocês abrilhantaram a festa, esperamos vocês esse ano novamente. Saudações Ciclísticas.

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  3. Grande João,bonitas paisagens. Talvez um dia eu escreva o que o Humberto Luis disse.Abraço

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  4. "É isso aí cara" :)

    Foi um prazer e uma enorme honra pedalar por terras de Vera cruz e partilhar de uma semana simplesmente fantastica!! Bem hajam todos od que lá estiveram e todos os que lá vão!! Grande abraço

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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict