segunda-feira, julho 08, 2013

TransPyr Dia 3 | La Seu D'Urgell - El Pont de Suert

Minutos antes da partida para a 3ª etapa estava a conversar com um amigo Belga que me perguntava sobre as expectativas para a etapa. Eu apenas disse que ainda havia muito pela frente e que tudo poderia acontecer. Não só a forma física conta, há muitos outros factores que influenciam em muito a nossa classificação. Sem duvida que hoje foi um bom exemplo disso! 

A etapa já não era nada fácil, a mais longa e com mais acumulado de subidas da TransPyr, 127Km com mais de 3050m. Mas nós ainda tornamos a coisa mais complicada...
Logo nos primeiros kms a corrente do Luís ficou presa nos cranks. Tivemos que parar e com calma desbloquear a corrente. Foi relativamente rápido e conseguimos alcançar o grupo da frente poucos kms depois com a ajuda do Nuno Caeiro. 
Depois de 20km a subir em estrada o meu pneu de trás começa a perder ar. Eu não me acreditava que tinha furado...afinal de contas estávamos em estrada. Ainda andei uns kms a ver se o liquido fazia o seu papel, mas nada feito. Optei por encher o pneu e aqui eu agradeço novamente ao Nuno Caeiro que cedeu um CO2 e tornou a coisa mais rápida. Saímos disparados para voltarmos ao grupo, primeiros e terceiros qualificados seguiam neste grupo, mas quase a chegar a eles, o pneu está outra vez em baixo. Desta vez coloquei câmara de ar com liquido e pensei eu que a coisa ia aguentar até ao fim. Fiz uma verificação rápida a ver se tinha algum pico, mas não encontrei nada. Uns kms mais tarde e depois de mais umas séries a ver se apanhávamos o grupo, o pneu novamente em baixo...nem eu nem o Luís queríamos acreditar. Paramos e fizemos as coisas com calma...encontramos um pico gigante enfiado no pneu! Por esta altura já tinham passado mais duas ou três duplas e vimos a nossa vida a andar para trás...Levamos duas câmaras, o queria dizer que naquele momento ficamos entregues à sorte.E ainda faltavam 80km para a meta. 


Foi como recomeçar a etapa, subimos o ritmo gradualmente, ultrapassamos as equipas que estavam à nossa frente e daí em diante apenas queríamos não perder mais tempo para os lideres e os então terceiros classificados, mas isso era pedir demais. O Luís voltou a ter problemas na corrente, e como se não bastasse ainda teve uma queda. Felizmente sem consequências, ''apenas'' empenou a roldana do desviador e vá-se lá saber como ele fez isso! 
A 15Km da meta sinto novamente a roda de trás em baixo e novamente na estrada...disse para mim, isto não pode estar a acontecer! Inicialmente não disse nada ao Luís a pensar que conseguia chegar à meta, mas não deu. Portanto toca a encher o pneu e a dar o litro...a pouco mais de 1km mais uma paragem e mais umas bombadas...cortei a meta com o pneu novamente em baixo, que dia! Agora que escrevo o relato vejo que o nome da terra onde estamos tem uma tradução algo irónica...''O Ponto de Sorte''.
Cortamos a meta na 3ª posição, descemos para 3º na nossa categoria, mas tudo bem, continuamos a divertir-mo-nos da mesma forma! 



Falando sobre a etapa, foi 100% ciclavél, inicialmente pedalamos num desfiladeiro antes de começar a subida mais longa com 25km. Dentro do grupo da frente há um atleta profissional de estrada que disse que a Volta à Catalunha passava ali. Subimos aos ''ss'' a montanha, ganhando altitude e ganhando também um visual incrível. Mesmo ''perdidos'' no meio das montanhas, existe pequenas povoações em que as casas estão integradas nos rochedos passando quase despercebidas ao nosso olhar. 
As longas descidas por vezes alternavam com singletracks bem técnicos como a gente gosta. Desceu tanto que quando terminou as mãos e os braços já estavam a doer!

Apesar de se tratar de uma prova de BTT, participam muitos atletas que fazem inúmeras modalidades. Conversar com eles é muito interessante e facilmente encontramos amigos em comum. Hoje fiquei a conhecer um corredor de aventura que é amigo pessoal da Fernanda Maciel (ultra-maratonista ) e que me disse que ela vivia na cidade onde ficamos ontem a dormir. Depois há aqueles que batem este tipo de provas por todo o lado. Um americano que encontrei na TransPortugal em 2009 e na TransAndes este ano também cá está. 
Muitos outros que também participaram nas edições da Douro Bike Race e que querem voltar. O mundo é muito pequeno.

O meu companheiro é que se está a revelar uma ''peça'' jeitosa. Mesmo com estes azares todos mantivemos sempre o espírito, rindo muito e aproveitando a etapa ao máximo seja a sofrer ou seja a subir as estradas como ele diz ''à volta a França'', isto é, aos ''ss''. 
No final ainda queria sprintar comigo para a meta...está possuído!

Enquanto escrevo este relato, a chuva não pára de cair e a trovoada deitou a luz abaixo...vai ser bonito amanhã...vai vai!

Não costumo escrever sobre os sítios onde comemos, sobre o que comemos, sobre os abastecimentos, sobre a quantidade dos mesmo...enfim, vim para andar de bicicleta e desfrutar da prova. A TransPyr ainda tem algumas coisas para melhorar, mas no que é essencial não falham. Se alguém quiser saber mais detalhes sobre a prova poderá entrar em contacto comigo que terei todo o gosto em responder. 

Obrigado pelo vosso apoio!

Mais fotos na minha página de atleta: www.facebook.com\marinhojoao

Ride & Smile :)

 
 
 
 
 

2 comentários :

  1. Vocês realmente são muito brutos. É muito fácil torcer pra "neguinho" assim. O difícil é acompanhar no pedal. :D

    ResponderEliminar
  2. Brutal! Com tudo isso ainda chegaram em 3o.. Agora é uma dupla de mutantes! :-)

    ResponderEliminar

João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict