Olá a todos,
Deixo-vos aqui um texto de uma amiga que participou no passeio e que descreve muito daquilo que nos vai na Alma...Obrigado Kica (Ilda Pereira)
Quem pedala por gosto não cansa.
Admiro indescritível e incondicionalmente as pessoas que se dedicam a uma causa. Admiro ainda com mais fervor aquelas que o fazem gratuitamente. Penso nisto enquanto contemplo, da varanda do Amaranto, ao fundo, a cópula da Igreja e o rio, no fim de um passeio em homenagem a dois atletas portugueses que têm levado a bandeira portuguesa a vários pontos do mundo que – e penso nos americanos, por exemplo – ainda pensam que Portugal é uma região de Espanha ou que nunca teriam a oportunidade de testemunhar um acontecimento internacional não fosse o ciclismo que vai às comunidades mais recônditas. São eles o João Marinho e o José Silva.
Falava, então, de um esforço desprovido de intenção monetária. De certo que à medida que os resultados foram surgindo e a sua prestação por esses palcos mundo fora, tornou-se até mesmo urgente apoiá-los, mas nem sempre assim terá sido. E mesmo assim não desistiram do BTT e, o que me arrebata ainda mais: são seguidos por centenas de atletas que abraçam a modalidade com a mesma dedicação. Alguns deles estão aqui, na fria e enevoada terra de Amarante, para, juntos, mais do que pedalar, partilhar porque quem se dedica a este desporto já sacrifica tanto para além do seu rendimento (sacrifica o tempo com a família, a atenção aos amigos, as oportunidades de sair à noite, ler um livro…) que momentos como este são agarrados como uma pepita no meio da areia, por isso não admira que tenhamos respondido em massa ao convite lançado no ForumBTT.
Há poucos dias escrevi sobre a Pirâmide das Necessidades de Maslow e não pensava que em tão pouco tempo voltasse a utilizá-la. Mas o que se passa com os atletas é que chegam depressa demais ao topo da Pirâmide. Nunca se pedala para aquecer, mas pedala-se quase sempre por e só por gosto. Encontram na realização pessoal um pagamento que não encontra retribuição económica comparável, mas – ironia – o dinheiro não compra a felicidade, porém paga o material, a sua manutenção, a alimentação, os suplementos, as inscrições, seguros, deslocações…
Contudo, cá estamos e não vejo nestes rostos, por difíceis que sejam os dias (e apesar do percurso custoso que acabámos de fazer repleto de subidas, subidas e subidas…), uma sombra de vontade de parar. Ao meu olhar embaciado pelo sentimento, chegam-me imagens de um convívio de peito aberto. Einstein sabia do que falava ao comparar a vida com a experiência de andar de bicicleta…
Ilda Pereira
KicA
Bravo Ilda! Bravo!
ResponderEliminar...excelente!
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