segunda-feira, dezembro 07, 2009

Bicicletas...passado, presente e futuro


E tudo começou há uns bons 18 anos atrás com as primeiras voltas pela minha freguesia de Salvador do Monte (monte, vá-se lá saber porquê). Então usava umas daquela míticas BMX com amortecer central com um curso tipo motocross. Com o recurso aquelas rodas laterais aprendi a equilibrar-me , não sem antes dar uns valentes de uns ternos...está-me na memoria um em particular que bati com uma orelha na grade do terraço de minha casa e fui para a cama chorar uns bons minutos das dores que tive.


Partiu uma, duas, três..mas o meu pai sempre conseguiu resolver o problema. Até o amortecedor partiu e então o basculante foi ''atado'' ao quadro com um arame, tornam-se assim numa rígida total, até partir o tubo da forqueta. Recordo-me como se fosse hoje, tinha chegado do Quim mecânico com pneus novos e travões afinados para fazer peascas.

A próxima bicicleta foi uma Vilar que partilhava com o meu irmão Pedro, 6 anos mais velho que eu. Foi comprada no continente, no primeiro continente do país. Fomos então de carro de Amarante a Matosinhos comprar uma BTT. O meu irmão escolheu uma da marca Vilar com uma cor um bocado duvidosa, um laranja a tender para o rosa, com travões de ferradura e 18 velocidades activadas por desviadores SunRace.

Nem queria imaginar o que seria andar numa BTT que tinha acabo de custar aos meus pais quase 30 contos de rei. Nessa altura não podia andar nela porque não chegava com os pés ao chão...isto era o que os meus pais diziam, mas eu escapava nela para os bosques próximos, depois de chegar das aulas da velhinha escola primária que acabavam às 15h.Muitas das vezes já sabia o que me esperava, um grande raspanete dos meus pais e quando não levava era uma sorte.

Comecei a descobrir o que existia à volta de minha casa, depois o que existia na minha aldeia e mais tarde nas aldeias mais próximas, junto dos meus amigos de infância : Pedro, Zé Miguel e o Tiago. Tantas historias há para contar com eles e dos sermões dos pais, quando íamos para o montes fazer ''caminhos'' como eles diziam.

Éramos conhecidos na aldeia, eram olhados como os putos mais traquinas que podiam existir e uma má companhia para brincar. Apenas nos divertíamos com as bicicletas, fazendo caminhos nos montes e brincando em liberdade. Na altura cheguei mesmo a pensar que eles tinham razão, mas agora só tenho pena de ainda não ter ''fugido'' mais vezes de bicicleta com os amigos.

Quando tinha 13 anos e como tinha passado de ano, se bem que no 2º período tive 6 negas, mas depois consegui recuperar para apenas duas :) os meus pais levaram-me à fabrica da Taga em Amarante e então oferecer-me o que seria a minha primeira BTT, uma Taga - All Terrain Bicycle. Punhos rotativos de 6 velocidades fizeram um sucesso porque mais ninguém tinha. Fiz o meu papel ao ''chorar-me'' por uma de alumínio que custava 50 contos toda equipada a Shimano, mas não adiantou, fiquei-me por uma de 20 contos e ''não digas que vais daqui''.

Com ela fui a primeira de muitas vezes para o Rio Ovelha passar os longos dias das férias de verão (que saudades), tive os meus primeiros furos, as primeiras avarias complicadas e comecei a usar a bicicleta com o aval dos pais. Ainda tenho o quadro lá por casa..

Depois quando entrei para o 10º ano tive direito a uma Confersil de duplo amortecedor. Quando entrei nos Armazéns Marão e vi aquela ''obra de arte'' fiquei logo apaixonado. Os autocolantes a dizer Down Hill, Shimano equiped, a Suspensão SR SunTour, o guiador e avanço de alumínio da TransX, V-brakes e rodas da Vuelta amarelas com aperto rápido na frente,  deram cabo do meu coração.  Deixei na altura 50 contos na loja, e talvez tenha sido a compra com melhor relação peso\preço  pois mais pesava uma tonelada, mais parecia aço maciço. Mas que interessava, tinha novamente uma mola por baixo do rabo e desta vez atrás e à frente e deixei os meus amigos de queixo caído.

Durou pouco esta bicicleta, agora tenho pena de a ter vendido a um amigo que também ficou ''passado'' com o duplo amortecedor. Vendi porque me fui apercebendo de facto que aquilo não era bem uma boa bicicleta e que os meus olhos me tinham traído. O meu amigo João Duro também me aconselhou sobre o material que de facto era bom, e deu-me a conhecer a revista Bike Magazine onde poderia me informar mais sobre os materiais. A primeira revista que comprei e que ainda a guardo, foi uma edição de passeios de 1998 com road books em vários pontos do país. Desde então tenho dezenas e dezenas de revistas arquivadas...

Estava então a entrar no próximo nível, onde a bicicleta se tornou numa máquina a sério..uma GT  XCR 1000 de 1999 adquirida na Biciporto....e que será falada no próximo ''episódio''


 

Até breve

5 comentários :

  1. Impecável !!! fico à espera de mais

    abraço

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  2. Grande João fiquei sem palavras.
    Tu conssegues fazer viver o que viveste nos teus tempos de "puto traquina".
    Venha mais :)

    Abraço

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  3. Espectacular, quem adora bicicletas desde pequenino, consegue perfeitamente revêr-se numa ou noutra parte das historias do "João", é também relembrar o nosso passado.
    Venham daí todas essas historias,pois elas fazem-nos "sonhar".

    Grande abraço,
    Jorge Morais Braga

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  4. ...muito bom, excelente!!

    Quando vieres aos lados do Bussaco levo-te ao "salto" onde também eu usava em longas planagens a minha BMX vermelha com amortecedor central amarelo, com manetes amarelas e punhos a condizer...e tínhamos publico que participava activamente nas habilidades...num plano horizontal e com muitos voos rasantes pelas longas cabeleiras da época...


    Aguardo pelos próximos episódios..

    Faisca

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João Marinho
Mountain biker, trail runner & adventure sports addict